Além dos iPhones e MacBooks, um dos produtos mais queridinhos da Apple fora do Brasil é o HomePod —uma caixinha de som inteligente que permite ao seu dono controlar outros aparelhos por voz, usando a assistente virtual Siri . Funciona como os Echo, da Amazon , e os Nest , da Google , já bem conhecidos por aqui.
Mas, por alguma estranha lógica de mercado, esses alto-falantes da Apple nunca vieram oficialmente para cá, para a decepção dos "applemaníacos" brasileiros que esperam por este dia desde que o HomePod foi lançado, em 2017.
Alguns boatos, no entanto, sugerem que o dia da chegada pode estar próximo. Isso porque apesar de a Apple ter dito recentemente que o HomePod original vai deixar de ser fabricado, a empresa de Cupertino está focando na produção e distribuição do HomePod Mini, lançado no ano passado. Será que finalmente teremos uma caixinha inteligente da Apple à venda por aqui?
Até lá, poucos brasileiros têm HomePods e pagaram caro por isso em viagens ou marketplaces , grandes varejistas que deixam lojistas menores usarem o seu espaço virtual. Um deles é o desenvolvedor e colunista de Tilt Guilherme Rambo .
"Sou fã da Apple e dos seus produtos, então sempre gosto de testar as novidades quando surge a oportunidade", admite Rambo. Mas, assim que o HomePod foi lançado, ele não sentiu grande interesse em comprar as caixinhas inteligentes.
"Eu não tinha muito o hábito de ouvir música sem ser com fones de ouvido", conta. Na época, este era o principal uso deste tipo de gadget para a maioria das pessoas: escutar música pela casa com mais facilidade, usando os apps de streaming .
Mas, com o passar do tempo, com a evolução da internet das coisas , consolidou-se o conceito de casa inteligente. Aí, sim, a escolha passou a fazer sentido para Rambo.
"Aos poucos, como fui colocando cada vez mais dispositivos HomeKit e me acostumei a usar a assistente virtual Siri pra controlar tudo. Então acabei cedendo ao produto", conta.
Ele adquiriu dois HomePods no Mercado Livre de um vendedor que os havia trazido da Inglaterra. Pagou cerca de R$ 2.000 em cada um.
"A experiência de configuração é bem 'mágica', no melhor estilo Apple", lembra o desenvolvedor. Basta conectar o HomePod na tomada e aproximar o iPhone ou iPad que o sistema mostra todo o passo a passo.
"No início, eu usava basicamente para controlar as luzes de casa e outras coisas simples, como timers de cozinha e lembretes, tipo 'Ei, Siri, coloca leite na lista de compras'", explica Rambo.
A experiência de tornar uma casa mais inteligente, em geral, começa com ações deste tipo, e vai evoluindo conforme a pessoa se acostuma à tecnologia e adquire mais aparelhos integrados.
Para Rambo, o que mais impressionou foi mesmo a qualidade sonora. Os diversos microfones espalhados ao redor da caixinha analisam o ambiente e direcionam o áudio da maneira mais adequada —"som 360 graus", de acordo com a descrição da fabricante.
"O resultado é um preenchimento do espaço com som de altíssima fidelidade. Mesmo reproduzindo música num volume bastante alto, os comandos de voz são escutados sem dificuldade alguma e sem precisar gritar", diz Rambo.
O maior ponto fraco do HomePod é não ser democrático. Diferente de outros produtos da empresa, como os fones AirPods, ele não se conecta diretamente por Bluetooth a qualquer aparelho. A conexão é apenas via AirPlay, o protocolo de transmissão sem fio da Apple.
Quem tem celular ou tablet com sistema operacional Android não consegue ativá-lo. Há apenas meios de reproduzir música em um que já esteja configurado via apps de terceiros, como o CloudPlayer e o AirMusic, que emulam o AirPlay.
Além disso, nem todos os aplicativos mais populares são compatíveis com o produto. O Spotify é um dos mais requisitados.
"Mas não sinto falta porque uso Apple Music. E quem prefere o Spotify pode reproduzir músicas usando AirPlay. Mas, como a Apple agora suporta serviços de terceiros, é só questão de tempo até ele também funcionar nativamente", acredita o programador.
"Uma coisa bem legal do HomePod é que ele foi melhorando cada vez mais com as atualizações de software. Era muito mais limitado no início", conta Rambo. Mas ele acredita que a Siri ainda deixa a desejar como assistente virtual —as "rivais" são a Alexa, da Amazon, e a Google Assistente.
Hoje, além de controlar os aparelhos inteligentes, seu principal uso é como uma espécie de home theater, já que ele tem duas unidades. "Uso para ouvir música enquanto estou trabalhando em home office e também quando vou assistir filmes e séries na televisão da sala, graças à sua integração com a Apple TV", explica Rambo.
Um dos maiores elogios do programador é a confiabilidade do HomePod e a segurança que sente ao usá-lo. "É um produto de casa inteligente que preserva a privacidade do usuário, diferente de algumas outras marcas que se preocupam mais em capturar e vender dados dos clientes", acredita.
O gadget tem um preço alto. Nos EUA, cada um está saindo por US$ 299 (equivalente a R$ 1.660 na cotação atual), mas o estoque é limitado, já que apenas os HomePods existentes continuarão a ser vendidos. No site da Apple nos EUA já não tem mais na cor "cinza-espacial".
Já o HomePod Mini, uma versão pequena do produto, com quase as mesmas habilidades, está saindo por um terço do preço do original (US$ 99, o equivalente a R$ 547 na cotação de hoje). Com a proposta de oferecer um som bom o suficiente —em vez da capacidade inacreditável do HomePod original— ele veio para rivalizar melhor com os concorrentes.
Isso acendeu uma esperança nos brasileiros: pode ser que o HomePod Mini chegue ao Brasil nos próximos meses a preços mais convidativos, como os das linhas Echo e Nest.
Para quem quiser ter o HomePod original a todo custo, resta apelar para os marketplaces internacionais, como Ebay (sujeito a altos fretes e taxas de importação), ou brasileiros, como o Mercado Livre, já que estamos impossibilitados de viajar para fora.
Mas com o dólar ultrapassando os R$ 5 e com o lançamento do Mini, faz pouco sentido investir nele, a não ser para os verdadeiros applemaníacos. E se você tem um HomePod original, não se preocupe: a empresa continuará fornecendo atualizações de software, serviços e suporte técnico.
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