A Asus criou o Zenfone 5 e depois o Zenfone 2 como aparelho topo de linha, superior ao que chegou no Brasil antes. Seria estranho ter o "Zenfone 7", já que colocaria os martphone acima do Zenfone 2 e a lista de nomes viraria uma bagunça. Agora, a empresa taiwanesa lançou o Zenfone Go no Brasil, que é o sucessor espiritual do Zenfone 5/6 e que apresenta pequenas mudanças do lado de dentro. A maior delas fica por conta do fabricante do processador, que passa de um Intel Atom para um MediaTek, perde pouca coisa no poder da GPU e ganha bastante na bateria - um ponto que, sinceramente, é esquecido por quase todos os fabricantes.
A embalagem segue o mesmo padrão de todos os modelos Zenfone, que é a foto na frente do pacote, com bolinhas na lateral e que são recheadas com recursos do aparelho e uma abertura ao deslizar o conjunto, como em uma gaveta. Abrindo, temos o celular em uma pequena cama, cabo de dados USB (que, no modelo de testes, ficou de fora), fone de ouvido bastante bonito (longe da simplicidade que acompanha modelos de concorrentes), borrachas para substituir as do fone, manual de instruções e um carregador de tomada e que já vem com seu próprio cabo microUSB.
O Zenfone Go tem muito em comum com o Zenfone 5 e 6, mas fez dieta e ficou mais leve e também mais fino. O corpo continua com bordas grossas, feito em plástico e com o efeito concêntrico na parte inferior da tela. Na frente temos um display IPS LCD de 5 polegadas, com resolução de 1280 x 720 pixels, densidade aproximada de 294 pixels por polegada e que ocupa 67,2% da frente do aparelho. A reprodução de cores me pareceu satisfatória, mas se você acredita que está quente ou fria demais, é possível alterar dentro das configurações, na opção MiraVision . Ainda na frente estão os botões sensíveis ao toque (e que ainda não são iluminados), sensores de luz, proximidade e a câmera frontal com 2 megapixels - neste ponto a Asus perde, já que a maioria de seus concorrentes já está em câmera de selfies em maior resolução e maior ângulo de visão.
Do lado direito estão os botões de controle de volume e liga/desliga, próximos de uma alça para abrir a tampa traseira - do outro lado não há nada. Em baixo fica a entrada microUSB e o microfone principal, enquanto acima de tudo temos a entrada para fone de ouvido. Atrás, em uma tampa áspera e que acompanha a curvatura natural das mãos, vemos a câmera traseira de 8 megapixels e um flash LED, junto de uma grande grelha que esconde o alto-falante. Assim como em outros modelos de Zenfone, por mais que a grelha acompanhe quase que toda a traseira do aparelho, o alto-falante fica apenas no lado esquerdo.
Abrindo a tampa vemos onde fica o alto-falante, abaixo das entradas para os dois SIM cards e outra para cartões de memória, que suporta até 64 GB de expansão. A bateria é removível e conta com 2.070mAh, que é a mesma capacidade que o Zenfone 5 apresentava, mas o novo chip da MediaTek consome muito menos da carga e, pela primeira vez, permite que um Zenfone possa chegar até o final do dia com energia sobrando para curtir um bar com os amigos. Ainda não há qualquer possibilidade de viver dois dias longe da tomada, mas estamos menos distantes desta realidade.
Com estes pontos em mente, vemos que muita coisa deste Zenfone veio do Zenfone 5 e do 6, como posição de botões, design da traseira, material de construção e até a bateria. Este é um dos poucos que mudaram, a bateria: ela agora não é mais selada e pode ser removida pelo usuário.
Como disse nos parágrafos acima, a curvatura que já existia no Zenfone 5 foi mantida aqui, ele continua com uma traseira levemente áspera, com cor opaca, mas perdeu peso e ficou mais magro. Isso faz com que o aparelho encaixe ainda melhor nas mãos, por mais que a tela continue com suas 5 polegadas e que o manuseio do display com apenas uma mão ainda fique no mundo das coisas impossíveis. Suas medidas são 14,4 centímetros de altura, por 7,1 centímetros de largura e 1 centímetro de espessura, tudo isso com 135 gramas de peso total.
Em um bolso apertado o Zenfone Go faz menos volume do que seu antecessor, o mesmo vale para uma bolsa com muita coisa dentro, mas ele ainda fica grande em mãos pequenas.
Por dentro há um processador Mediatek MT6580 rodando quatro núcleos 32 bits em 1.3 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e 16 GB de memória interna, que libera aproximadamente 11,26 GB para o usuário. A GPU é uma Mali-400MP, que é um dos seus pontos mais fracos: ela existe desde o Galaxy S2, lançado há quatro anos. Tudo roda bem, sem engasgos por parte do software que está acima do Android 5.1 e que atende pelo nome de ZenUI.
A interface é quase que a mesma que você encontra no Zenfone 5, só que com alguns recursos que foram lançados no Zenfone 2 - é mais ou menos uma mistura de ambos, com o visual do Zenfone 5 e recursos (alguns) do Zenfone 2. Manter a interface antiga ajuda na hora de adaptar o consumidor para um aparelho novo, mas mantém a fórmula que não gostamos de colocar um monte de aplicativos pré-instalados e abarrotar a memória interna de coisas que você pode nem utilizar. São, ao todo, 55 apps instalados, com 6 destes apps que nasceram de parceria da Asus com algumas empresas.
Dentro destes apps encontramos algumas redundâncias, como o navegador de internet que convive com o Chrome, que é bem mais potente, mais completo e que entrega até uma forma de reduzir o consumo de internet nas páginas navegadas. Outro app que aparece e que poderia não existir é o de músicas da Asus, que convive com o Google Play Música, mas que neste caso ganha ao oferecer mais recursos, como um equalizador sonoro. O Clean Master continua por aqui como forma de limpar a memória RAM (algo que não é tão útil como parece, já que o Android sabe fazer isso sozinho e muito melhor do que você) e o antivírus da Trend Micro também, sendo que nenhum destes apps que falei podem ser desinstalados. Fechando este pacote, temos dois apps que não são tão úteis para o Brasil, como o ZenCircle (uma espécie de Instagram, só que da Asus) e o Omlet Chat, que é um mensageiro instantâneo e que aparece em um país que ama WhatsApp e Messenger, do Facebook.
Gestos para alguns recursos continuam presentes, como dois toques para ligar ou desligar o display e escrever uma letra com a tela desligada, para acionar alguma ferramenta: como C para câmera e W para navegador de internet. Por fim, você pode mudar os ícones do sistema e há recursos interessantes, como um gerenciador de arquivos que tem acesso para suas contas do OneDrive, Google Drive e Dropbox, Asus Backup que trabalha como assistente para backup de todo o aparelho (muito bom!), Share Link para compartilhar arquivos e até apps entre dois Zenfones, e o Do it Later (faltou tradução aqui, Asus!), que gerencia tarefas e lembretes.
Se você é amante de números de benchmark, aqui vão alguns:
A GPU do Zenfone Go é um de seus pontos negativos, já que apresenta um modelo conhecido do mundo mobile desde 2011. Temos por aqui uma Mali-400MP e que trabalha com 2 GB de memória RAM e um processador quad-core de 1.3 GHz. Em jogos, testei o Real Racing 3 e Asphalt 8, que rodaram com taxa de quadros por segundo abaixo do esperado e abaixo do que vi no Zenfone 5 e com desempenho inferior ao Adreno 306 que está nos aparelhos com Snapdragon 410 (concorrentes diretos do Zenfone Go). Serrilhados eram notados com facilidade e quando estavam muitos carros na mesma cena, o jogo engasgava.
Se seu objetivo for jogo mais leve, como um Candy Crush ou Angry Birds, não há do que reclamar. Se você quer mais jogos pesados e que rodam bem, aconselho uma olhada no Moto G e também no Quamtum Go.
Neste quesito não tenho do que reclamar. O Zenfone Go foi exatamente no mesmo nível que eu esperava de aparelhos de médio custo, com pouco granulado em imagens diurnas, muitos detalhes em seus 8 megapixels e que trabalham com abertura de f/2.0, junto de uma série de funções que são tradicionais da linha Zenfone. A lista inclui um modo automático, HDR, GIF animado, panorama, câmera lenta e até uma ferramenta que ajuda na remoção de pessoas do fundo - não funciona como mágica, mas ajuda.
As fotos noturnas ficaram um pouco abaixo de outros modelos, como o Moto G de terceira geração. Há bastante granulado, os detalhes somem com o trabalho da câmera de tentar conter esta sujeira na tela e há reflexo demais em pontos de luz. No geral, levando em conta ambos os cenários, dá pra levar o Zenfone Go como um quebra galho e que atende a maioria dos usuários.
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