Quando a equipe do TudoCelular se reuniu para eleger os melhores e piores smartphones do ano, o Pixel 4 acabou sendo apontado como um dos maiores fiascos de 2019. Por que isso aconteceu? É normal a cada ano criar expectativas sobre como será a nova geração daquele celular que serve como a vitrine para o Android, e, ano após ano, Google segue nos decepcionando. Mas o Pixel 4 é tão ruim assim? É isso que você confere agora nesta análise completa.
A embalagem do Pixel 4 e 4 XL são idênticas, mudando apenas o nome do aparelho logo abaixo do logo do Google. Os acessórios também são os mesmos nos dois:
Nada de adaptador para P2 ou fones de ouvido este ano.
Vamos começar pelo ponto mais polêmico: a escolha do design. Este ano vimos diversas fabricantes travarem uma verdadeira guerra contra as bordas nos celulares. Tivemos diversas soluções como entalhe em formato de gota, furo na tela, câmera giratória, flip ou pop-up. Claro que cada um tem sua preferência, mas os novos Pixels ostentam uma borda enorme na parte superior, enquanto apresentam queixo bastante discreto.
É um design desproporcional e estranho. Mas o que você prefere: uma borda larga ou aquele entalhe gigante do Pixel 3 XL ? A desculpa para ter apostado neste design é que os novos Pixels possuem um radar integrado acima da tela que serve para detectar movimento e permitir novas formas de interação com o celular.
A traseira também não agrada muitos. Depois de tanta discussão e piadas com o padrão de câmeras em bloco adotado pela Apple, Google foi lá e fez igual. E por mais que você torça o nariz para isso, infelizmente será cada vez mais comum em 2020.
Vamos deixar beleza de lado já que nunca haverá um consenso e falar de outros pontos. O novo smartphone do Google está um pouco maior e mais pesado. Além do aumento de borda, também tivemos um pequeno ganho de tela. A novidade pode ser encontradas nas cores preta, branca e até um tom de laranja. A borda é preta em todas as opções e gera um contraste interessante.
A qualidade de construção é a mesma de antes com mistura de metal com vidro, mas não há mais aqueles dois acabamentos diferenciados na traseira. As cores claras têm vidro fosco, enquanto o preto tem acabamento comum. O leitor biométrico sumiu da traseira e não há mais leitor de digitais. A única solução biométrica é a facial, como visto nos iPhones.
Google trocou a câmera ultra-wide para selfies por um sensor ToF que faz uma varredura tridimensional da face do usuário e valida sua credencial. A tecnologia funciona tão bem quanto o Face ID da Apple e não tivemos dificuldade de desbloquear o celular nem mesmo no escuro.
Além do tamanho também há uma diferença de tela. O Pixel 4 tem 5,7 polegadas com resolução Full HD+ e o XL traz as mesmas 6,3 polegadas de antes com resolução Quad HD+. A tecnologia empregada continua sendo a OLED e o nível de brilho é similar nos dois e não vimos uma melhoria comparado à geração anterior. Por mais que o brilho seja suficiente para usar o Pixel 4 fora de casa, Google está atrás do que Apple e Samsung entregam em seus flagships.
A novidade mesmo fica para a taxa de atualização de 90 Hz que garante maior fluidez, mas devora mais bateria. Ela alterna para 60 Hz quando não há demanda ou quando a bateria está fraca.
A reprodução de cores é excelente. Há dois perfis de saturação: o Natural entrega bom equilíbrio, enquanto o Aprimorado traz tons vibrantes como na linha Galaxy. Há também um modo automático que regula as cores de acordo com a iluminação do ambiente, no mesmo estilo do True Tone dos iPhones.
Por ter a borda inferior eliminada, Google teve que jogar o alto-falante para perto da entrada USB-C. O que fica acima da tela serve como canal secundário para gerar o efeito estéreo, porém a potência é bastante inferior e temos um áudio desbalanceado. Ainda assim, com os dois trabalhando em conjunto a potência sonora é similar aos tops de linha de outras marcas.
O Pìxel 4 não tem entrada padrão para fones de ouvido e Google nem mais fornece o adaptador na caixa. Se você possui um fone caro de alta impedância ficará decepcionado com a potência sonora dos novos Pixels. Este é o tipo de celular que qualquer audiófilo passaria longe, não sendo uma boa escolha para quem busca um aparelho voltado para ouvir músicas.
Equipando o Pixel 4 temos a plataforma Snapdragon 855, comum em qualquer telefone metido a flagship. Por ter Android puro desenvolvido especialmente para este hardware era esperado que ele entregasse desempenho superior a outros com sistema modificado, certo? Pois é, Google como sempre segue decepcionando em otimização.
Pixel nunca foi exemplo de velocidade e o novo chega a competir com celulares intermediários que custam metade do preço. Pelo menos agora temos 6 GB de RAM, o que ajuda a evitar o problema de apps recarregando com frequência visto no Pixel 3 XL. Outra decepção fica para a quantidade de armazenamento, sendo de no máximo 128 GB, enquanto muitas fabricantes oferecem muito mais que isso.
Em benchmarks há um ganho considerável na pontuação comparado aos modelos anteriores, mas nem de longe são os melhores com Android e também comem poeira para os iPhones no AnTuTu.
E jogos, pelo menos nisso os Pixels são bons? Google deu mais atenção a esta parte e não vimos a mesma falta de otimização das gerações passadas. Se você busca um bom celular para jogar, pode ir de Pixel 4, ainda mais por sua tela de 90 Hz que permite rodar jogos até 90 fps. Infelizmente, a maioria ainda continua com a limitação de rodar a 30 ou 60 fps.
Celulares com três, quatro ou cinco câmeras estão cada vez comuns e só agora que Google finalmente lançou um celular com conjunto duplo na traseira. Enquanto muitos torciam por uma câmera grande-angular, a empresa decidiu investir em lente teleobjetiva por considerar ser mais importante.
É curioso ver o Google ir contra o que alegou no passado quando falou que o Pixel 3 não precisava de uma câmera teleobjetiva por ter um zoom digital de alta resolução que não perde qualidade como nos concorrentes. E o mesmo recurso também está presente nos novos.
Pixel sempre foi referência em câmeras e estes mantêm a tradição ao tirarem excelentes fotos, mas as concorrentes estão se aproximando e até mesmo a Xiaomi já produz intermediários que não devem em nada, como é o caso do Mi Note 10. Em alguns cenários ele até conseguiu fotos mais claras, porém em baixa luz os novos Pixels ainda saem na frente com menos ruídos registrados.
Comparado aos rivais da Samsung, o Pixel 4 e 4 XL tendem a registrar fotos com tons mais frios, evitando aquelas cores saturadas que conquistam os fãs da linha Galaxy. E a grande distância que havia para os iPhones foi reduzida nessa geração. Isso fica claro que Google precisa caprichar mais em 2020 ou ficará para trás na única coisa que sabe fazer bem.
A teleobjetiva permite aproximar objetos em até 1,8x e depois disso muda para a câmera principal e usa o Super Res Zoom para não ter perda considerável de qualidade. Como esperado, esta segunda câmera não entrega a mesma qualidade da principal e tende mais para tons quentes deixando as fotos levemente amareladas.
Os novos Pixels também tiram ótimas fotos à noite. É perceptível um nível razoável de ruídos, mas isso pode ser quase que inteiramente eliminado como o eficiente modo noturno. Você terá fotos muito mais claras e com detalhes recuperados que seriam devorados pela escuridão.
A teleobjetiva também tira proveito do modo noturno, porém apresenta muito mais ruídos que a câmera principal. E quanto mais você abusar do zoom, mais granulada ficará a foto, mas ainda assim temos resultado melhor que do vimos em outros celulares.
Na parte frontal agora temos apenas uma câmera, que perdeu o foco automático de antes. Em troca, Google incluiu um sensor ToF que ajuda a medir a profundidade do cenário e gerar um efeito de desfoque mais eficiente. Por mais que os novos Pixels tirem excelentes selfies, não é mais nada surpreendente comparado ao que a concorrência agora oferece. O destaque fica apenas para a lente mais ampla que permite incluir mais pessoas do que no iPhone.
Se você faz questão de gravar vídeos em 4K a 60 fps, vai se decepcionar com os Pixel 4 e 4 XL. Eles são um dos poucos top de linha que ainda estão limitados a 30 fps nesta resolução. A qualidade de captura é muito boa e a estabilização faz o seu trabalho. Assim como nas fotos, a teleobjetiva também filma com qualidade inferior e apresenta mais ruídos, especialmente à noite. A captura de áudio é muito boa, com som nítido e volume alto.
Com tela de 90 Hz e sem aumento na capacidade da bateria esperávamos que a autonomia caísse. A boa notícia é que isso não aconteceu. A má notícia é que os novos Pixels entregam a mesma autonomia mediana de sempre. Se você passa o dia todo fora de casa é bom levar o carregador com você ou ter uma powerbank na mochila porque pode acabar precisando.
O tempo de recarga também não evoluiu. Ter que esperar quase 2 horas para ter um celular recarregado é algo frustrante para um aparelho top de linha lançado em 2019. Apesar de virem com o mesmo carregador, o Pixel 4 XL recarrega mais rápido, mas ainda está abaixo de muitos rivais.
De software não tem muito o que falar. É o Android em sua essência pura. O Pixel 4 pode até não ser o Android mais rápido do mercado, mas o sistema flui muito bem na tela de 90 Hz. Aqui é onde vemos os smartphones do Google superarem Samsung, que ainda peca em fluidez com as animações da One UI. Se você quer algo no nível do iOS, o Android 10 da linha Pixel realmente vai te agradar.
A novidade fica para os comandos por gestos. Quando o Projeto Soli foi anunciado pela primeira vez em 2015, foi apresentado como uma inovação na tecnologia de detecção de movimento, com a capacidade de detectar e interpretar movimentos precisos das mãos, como deslizar o dedo e o polegar para rolar pelas configurações e tocar os dedos para selecionar.
O Motion Sense presente nos novos Pixels é o primeiro fruto deste projeto, mas está muito longe de oferecer o que foi prometido na época. Você pode controlar o player de músicas, atender chamadas ou silenciar o despertador apenas com gestos na frente do aparelho. Lembra de ter visto isso antes? Pois é, Samsung fez algo parecido com o Galaxy S4 lá em 2013 e a LG ressuscitou com o G8s ThinQ este ano.
Mas isso tudo realmente funciona? Não temos como saber. Por usar tecnologia de radar que precisa de aprovação das autoridades, o recurso está indisponível em vários países, incluindo o Brasil. Se você estava pensando em comprar o Pixel 4 só pelo Motion Sense, é melhor economizar seu dinheiro.
Como visto, os novos Pixels são mais cheios de baixos do que altos, mas a verdade é que sempre foi assim. O grande destaque dos celulares do Google sempre foi suas câmeras e os novos também tiram excelentes fotos. Porém não é mais nada surpreendente e que faça a concorrência passar vergonha.
Pelo preço que você pagará importando qualquer um dos dois, poderá encontrar opções mais interessantes como a linha Galaxy Note 10 ou os novos iPhones. Eles oferecem melhor desempenho e a bateria que rende muito mais. Apple e Samsung brigam em peso com o Google e também terá câmeras muito competentes e com diferencial de lente ultra-wide.
E até mesmo já vemos intermediários comprando briga com os Pixels como é o caso do Mi Note 10 . O modelo chinês sai bem mais em conta, mas peca com um sistema que carece de otimização. Pelo menos em troca você terá o dobro de bateria e que ainda recarrega mais rápido.
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