A Lenovo ainda não estava com os pés no Brasil, com sua linha de smartphones, mas mesmo assim colocava a marca - por debaixo dos panos - com as vendas dos dispositivos da Motorola e até da CCE, enquanto era dona da marca brasileira. Agora a empresa chinesa resolveu que era hora de trazer seu primeiro smartphone próprio e vender de forma separada, por mais que a fabricação ocorra dentro da fábrica da Motorola. Este aparelho é o Lenovo A7010, que aqui chegou com nome de Vibe e que entrega um custo-benefício bastante interessante, com boas tecnologias de áudio e a alma que fez a Motorola ficar famosa novamente em telefones inteligentes.
A embalagem utiliza papelão bastante grosso, com a foto do dispositivo na frente e algumas informações complementares na parte inferior. Abrindo, temos o celular, uma área onde ficam os materiais impressos, capa protetora em acrílico, cabo de dados USB, fone de ouvido bastante confortável e um carregador de tomada com porta USB. O que chamou a atenção foi justamente a presença de uma capa gratuita, que ajuda na proteção do aparelho.
Do lado de fora o Vibe conta com um corpo que não é dos menores, apresenta plástico bastante rígido nas bordas e também na parte traseira. Na frente estão dois alto-falantes que conseguem reproduzir áudio de ótima qualidade (trabalho que deve ser agradecido também ao software da Dolby, que equaliza bem os sons), junto de uma câmera frontal de 5 megapixels, sensor de luz, proximidade e, abaixo disso tudo, está a tela IPS LCD de 5.5 polegadas, com resolução Full HD e que consegue exibir muito bem as cores em sua densidade aproximada de 401 pixels por polegada. Mesmo em ângulos maiores, as cores não perdem tonalidade e a visibilidade é bastante grande. Os botões são sensíveis ao toque e estão de fora da tela, o que aumenta a área visível e que pode ser utilizada da parte de dentro do display.
Do lado direito estão os botões de controle de volume e também o loga/desliga, enquanto abaixo fica a porta microUSB e o microfone principal. Em cima está a entrada para fones de ouvido e, atrás, temos mais dois microfones, a lente de 13 megapixels, dois LEDs para flash e o leitor de impressões digitais, que funciona de forma bastante confortável e que fica posicionado bem debaixo de onde ficará naturalmente seu dedo indicador - o acesso é mais natural e confortável do que a solução da Samsung, por exemplo.
Abrindo a tampa encontramos as duas entradas para SIM cards (é possível utilizar ambos em 4G, mas os dados só podem vir de um chip por vez), junto da entrada para cartões microSD de até 128 GB. A bateria não é removível e apresenta 3.300mAh de capacidade, algo maior do que seus concorrentes e isso garante que o aparelho funcione por um dia inteiro, retornando para casa com aproximadamente 20% restante de energia - o suficiente para desviar de casa, ir para o bar e beber umas com os amigos, para só depois voltar e colocar o smartphone no carregador.
O acabamento aparenta ótima construção e qualidade, sem exibir partes soltas e o que me chamou atenção é que a carcaça que está nos alto-falantes vai um milímetro acima do vidro, o que faz com que o vidro não encoste na superfície onde está o smartphone - proteção extra nunca é demais.
A pegada do Vibe é bastante confortável, mas nem tanto assim. O motivo do comentário positivo é que toda a carcaça lateral e traseira está com textura levemente áspera, enquanto que também há uma pequena curvatura na tampa traseira, que encaixa bem nas mãos. Já o comentário negativo existe por conta do tamanho grande do dispositivo, que com seus 15,3 centímetros de altura, 7,6 centímetros de largura e 0,9 centímetro de espessura, acaba ocupando bastante espaço na mão e impossibilita seu uso com apenas uma mão.
A Lenovo escolheu um chipset Mediatek MT6753 com oito núcleos rodando em 1.3 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e 32 GB de memória interna, que pode crescer com mais um microSD de até 128 GB. Além disso, há uma GPU Mali-T720MP3 e, tudo isso junto, faz com que o multitarefa rode sem qualquer engasgo quando há até cinco apps abertos ao mesmo tempo. O Android utilizado neste aparelho está na versão 5.1 e sofreu maiores modificações do que a Motorola costuma fazer, mas algumas delas chegam de boa forma. A primeira é no multitask e deveria ser adotada pelo Android por padrão: há um botão para limpar todos os aplicativos abertos e a memória RAM também. Ter 2 GB pode parecer pouco, mas em meu uso o aparelho reiniciou poucas vezes os apps que estavam abertos - quando eu não limpava manualmente, com o botão.
Outra modificação que o Android recebeu está na capacidade de reconhecer a impressão digital do usuário, algo que é feito com bastante rapidez e precisão. Não é tão preciso como o que notei no Xperia Z5 ou no Note 5, mas fez bem seu trabalho e o melhor de tudo é a posição onde fica o leitor: logo abaixo da câmera traseira. Seu dedo sempre está por lá para segurar o dispositivo, basta tocar no local com textura diferente e pronto. Outra função que o sensor pode ter é de tirar fotos com um toque leve no sensor, quando a câmera estiver aberta e funcionando.
A lista de apps pré-instalados é bem menor do que o que eu esperava que estivesse por aqui - empresas chinesas, asiáticas em geral, costumam rechear seus smartphones com coisas que você não vai usar tão cedo. Contei 36 aplicativos já instalados de fábrica, sendo que a Lenovo está com 17 destes para ela e que são versões alteradas de apps que o Google já tem (como o discador, ou então o reprodutor de vídeos). Alguns deles são bem úteis, como o gravador de voz que sabe bem como utilizar os três microfones presentes no aparelho para melhorar a captura da voz, uma central de temas que mudam tudo no aparelho, assistente de backup de contatos para a nuvem (é redundante e poderia estar de fora, já que o Google nativamente faz isso) e, por fim, o Lenovo Companion, que oferece dicas de uso, soluções para problemas e busca atualizações do aparelho.
Ah, uma coisa que vi e adorei é que as notificações geram um histórico e que fica acessível quando você puxa a área delas. Você encontra este histórico em um ícone de voltar o relógio, logo abaixo da tela. Toque nele e você pode ver uma notificação que acabou apagando sem querer.
Se você gosta de benchmarks, aqui vão alguns:
O conjunto de GPU e CPU fizeram bem o trabalho de rodar jogos pesados, rodaram até melhor do que um concorrente da própria casa e que tem o nome "Play" no sufixo: Moto X Play. A taxa de quadros por segundo foi superior, a jogatina apresentou melhores gráficos e os engasgos foram quase que inexistentes quando rodei o pesado Real Racing 3, com os gráficos no máximo. Ter uma tela em Full HD e não algo acima ajuda bastante já que com o 1080p o aparelho trabalha menos para entregar os gráficos e detalhes.
Assim como alguns de seus concorrentes, temos 13 megapixels e que trabalham bem com as mais variadas condições de luz. Em todas as ocasiões onde fotografei, seja com sol, abaixo de nuvens, ou mesmo durante a noite (com ou sem chão molhado), não notei qualquer dificuldade na reprodução dos detalhes das imagens, mas a coisa muda quando você resolve colocar o modo HDR para funcionar. Ele ajuda em alguns momentos, principalmente quando há bastante luz. Se você utilizar de noite, prepare-se para ficar desapontado, pois o recurso faz com que a foto leve muito mais tempo para ser registrada, borrões (por conta da exposição longa) acabam virando parte da fotografia e o resultado tende a ser mais granulado.
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