O LG G4 é o smartphone mais parrudo que a LG tem no mercado e chegou com a missão de corrigir erros apresentados no G3, como bateria que não dura tanto assim e desempenho que sofre justamente de seu maior ponto forte: tela de altíssima definição. Tudo seria incrível, se a Qualcomm não tivesse errado na mão ao criar o Snapdragon 810, que foi rapidamente substituído pelo 808 no G4 por conta de seu aquecimento além do que deveria. Seu processador tem seis núcleos, sendo quatro com 1.44 GHz e outros dois com 1.82 GHz, que podem parecer fracos, mas que são capazes de rodar tudo que você quer e ainda não apresentar travamentos ou engasgos.
A embalagem lembra bastante o que foi lançado no G3, com detalhes minimalistas e uma construção em papelão bem firme. Abrindo o pacote temos o smartphone, seguido de um envelope com manuais de instruções. Além disso, encontramos um cabo de dados microUSB com ponta USB, fone de ouvido QuadBeat 3 e o carregador de tomada com porta USB. O fone continua belíssimo e é o melhor fone que um Android entrega na caixa, superando a cópia do EarPods que a Samsung fez nos Galaxy mais recentes.
É do lado de fora que vemos uma das maiores mudanças no G4, quando olhamos para o G3. Mesmo que com um corpo que lembra seu irmão mais velho, a fabricante resolveu tomar emprestado uma pequena parte da curvatura do G Flex 2 e colocou neste modelo. Infelizmente a LG ainda deixa de lado o metal na construção de seus aparelhos topo de gama (uma falha grave, ao meu ver), mas colocou uma traseira feita em uma fina camada de couro de verdade, nada daquele couro falso que está em alguns aparelhos da linha Galaxy Note. Na frente temos uma tela de 5.5 polegadas, com resolução de 2560 x 1440 pixels e densidade aproximada de 538 pixels por polegada - mais do que o suficiente para você esquecer da existência de pixels. Outra novidade deste modelo é a tecnologia Quantum Display, que faz com que o LCD conte com um contraste mais semelhante ao que o AMOLED entrega, junto de cores mais vivas e um brilho maior do que a tela do G3, por exemplo. Ainda por aqui está a câmera frontal com assombrosos 8 megapixels para deixar qualquer selfie em alta definição e recheada de detalhes, como rugas, espinhas e tudo mais de bom e de ruim.
Nas laterais não há qualquer botão ou entrada, já que os controles de volume e botão liga/desliga continuam na parte traseira. Acima está o microfone secundário para isolamento de ruídos, junto da porta infravermelho que transforma este aparelho em um controle remoto universal. Abaixo ficam as entradas microUSB e para fone de ouvido. A tampa traseira pode ser de couro ou de plástico, sendo que a de plástico conta com um acabamento em linhas retas e que lembra o que a HTC fez no modelo Diamond, que rodava o já morto Windows Mobile - ah, você pode comprar um de couro também, que abre mão das linhas e adota uma textura bem confortável.
Diferente da Samsung que resolveu imitar a Apple e eliminar o acesso para a bateria e para a memória expansível, a LG continua permitindo que o usuário troque a bateria, junto da possibilidade de expandir a memória interna para até 128 GB. A bateria tem carga de 3.000mAh e este é um dos seus pontos positivos, já que é a mesma carga que estava no G2 e também no G3. Isso significa que ela dura menos, já que a cada geração a LG colocou um processador mais potente e recursos que consomem mais energia. Em nossos testes, o final do dia era sempre acompanhado de um carregador ou bateria externa.
Uma das melhores decisões da LG foi de não mover muito do que já existia no G3, adicionando apenas uma pequena curvatura que realmente ajuda no cotidiano: ela encaixa melhor o celular na mão, mesmo para quem tem mãos pequenas. A pegada é bem confortável principalmente no modelo de couro, já que a textura da traseira fica mais áspera e o conjunto fica bem mais bonito. Suas dimensões são de 148,9 milímetros de altura, por 76,1 de largura e outros 9,8 milímetros de espessura, somados aos 155 gramas de peso total - já com a bateria instalada.
Em um bolso mais apertado, ou em uma bolsa que já tem bastante coisa dentro, o G4 não marca tanto volume e nem faz cara feia ao compartilhar espaço com outros acessórios. Sim, ele é um phablet e isso deve ser levado em conta principalmente para calças femininas que, infelizmente, não contam com bolso como deveria.
A LG colocou o Snapdragon 810 no G Flex 2 e apresentou como um poderoso processador, que realmente é. O problema é que a marca da Coréia do Sul também ficou famosa por mostrar o primeiro 810 esquentando mais do que deveria, junto da HTC e isso, muito provavelmente, motivou a escolha de um processador menos potente para o G4. Neste modelo que temos hoje, o G4 vem com um processador Snapdragon 808 que roda seis núcleos, sendo quatro em 1.44 GHz e outros dois em 1.82 GHz, pouco abaixo do que o 810 faz e com menor desempenho, só que sem o problema de aquecimento. Não aquecer demais faz com que o desempenho seja alto por mais tempo, antes que a temperatura acione mecanismos de segurança e que fazem a velocidade do processador cair, para evitar qualquer problema sério com calor - bateria e calor não são amigos. Junto do processador temos 3 GB de memória RAM, uma GPU Adreno 418 e 32 GB de espaço interno, que já vem ocupado com quase 10 GB. Isso mesmo, você leva pouco menos de 22 GB livres dos 32 GB do modelo - e isso é chato. Porém, se você gosta de carregar músicas, fotos e vídeos para todo lado, há espaço para um microSD de até 128 GB e que pode solucionar o problema, parcialmente, de memória.
O desempenho, por mais que possa parecer não tão potente quanto S6 e outros concorrentes, é muito bom. Animações são exibidas com grande fluidez, não há engasgos durante a operação do aparelho e ele consegue lidar muito bem com muitos aplicativos abertos ao mesmo tempo. A interface LG UX 4.0 está acima do Android 5.1, que é bastante recente e que não é tão intrusa como o que temos em concorrentes, tipo a TouchWiz da Samsung. As cores acompanham o Material Design e não contam com texturas exageradas, cores são chapadas por todos os cantos e a interface perdeu parte das cores fortes que sempre estiveram por aqui - e que encaixam perfeitamente no mercado asiático, mas não no ocidental.
Há soluções que a marca já utilizou em aparelhos do passado, como o QSlide que permite rodar dois aplicativos ao mesmo tempo e em tela dividida. Neste caso quase que não vimos qualquer engasgo, mesmo quando o Google Maps era movimentado e um vídeo é reproduzido em HD (720p) na janela do lado. O Quick Remote faz com que o smartphone possa fingir que é um controle remoto universal. Já o Smart Settings, que está escondido dentro do menu de configurações do Android, permite ajustar algumas funções com base em sua localização, como ligar o bluetooth assim que chegar em casa, junto do Wi-Fi, ou então desligar o bluetooth assim que você sair de casa, ou abrir o aplicativo de músicas quando conectar um fone de ouvido. Por fim, há o Knock On, já velho conhecido da LG e que permite ligar e desligar a tela ao tocar duas vezes no display.
O Snapdragon 808 pode parecer lento, quando comparado com seus concorrentes diretos e de mesmo valor, mas você já viu que não é bem assim - ele está longe de ser lento. Na parte gráfica a Adreno 418 consegue lidar muito bem com jogos pesados, como é o caso de Asphalt 8 ou então Modern Combat 5, que rodaram bem. Os 3 GB de memória RAM auxiliam nesta tarefa, que dá até para pausar o jogo, olhar a timeline do Facebook, enviar um SMS, enviar um e-mail e voltar para exatamente o mesmo ponto onde você pausou o game. Tudo rodou bem nos dois títulos utilizados para este teste, com todos os efeitos e detalhes ligados no máximo.
O alto-falante é posicionado na parte traseira e conta com boa reprodução, sem qualquer distorção mesmo em volume elevado. A caixa do aparelho entrega os fones QuadBeat 3, que são fones de ouvido de qualidade superior aos que chegam em smartphones mais baratos, uma evolução bem grande do modelo que estava no G3, lançado há um ano. Há bons graves e médios, o que vai agradar quase que todos os que não são famintos por qualidade extrema em fones - que sabem bem que qualquer fone que vem com a caixa é ruim, se for um audiófilo.
A câmera do G4 é seu maior ponto positivo e, sem medo de errar, é a melhor câmera que eu já vi em um Android. Ela chega com sensor que trabalha com 16 megapixels, com ótima reprodução de cores, de detalhes e um trabalho genial na hora de focar objetos bem próximos da lente. As fotos são excelentes em qualquer condição de luz mesmo no automático. O programa que gerencia o sensor lida muito bem com o pós-processamento em uma forma que até então, só vi no iOS: ele tira a foto de forma extremamente rápida e não exige que o usuário fique firme enquanto o processamento ocorre. Genial isso! O estabilizador ótico recebeu melhorias e é o primeiro em um smartphone que conta com três eixos, um além do G3 e isso garante fotos menos tremidas e vídeos com menor quantidade de balanço da imagem.
Por fim, temos controles manuais de forma mais completa do que o S6 já oferece. Por aqui é possível movimentar livremente o ISO, abertura do obturador, foco, balanço de branco e até alterar a temperatura de cor manualmente - perfeito para ambientes com luz fluorescente, por exemplo. Em vídeos a qualidade é semelhante ao de fotos, mas a captação de áudio é sofrível, muito inferior ao que qualquer smartphone concorrente, como os iPhones, Galaxy S6 e o Zenfone 2 conseguem.
Leave a comment