As últimas gerações da linha G da LG foram decepcionantes. Enquanto o G5 chegou de forma capada ao Brasil, o G6 foi lançado com hardware defasado em todos os mercados. Agora com o G7, a sul-coreana tenta se redimir dos erros do passado ao trazer um verdadeiro flagship que briga de igual com rivais top de linha.
O novo flagship da marca vem sob a nomenclatura ThinQ, usada pela empresa em diversos aparelhos, entre eletrônicos e eletrodomésticos. Temos aqui uma inteligência artificial que busca fazer com que cada aparelho em sua casa “converse” entre si. No caso de quem não possui outros produtos da LG, essa IA acaba ficando mais limitada, mas ainda realiza alguns truques no G7.
O G7 vem em embalagem preta simples aqui no Brasil. Em seu interior encontrará: carregador de parede, cabo USB no padrão C, chavinha para abrir a gaveta do SIM, adaptador de micro USB para USB-C, fones de ouvido, flanela para limpeza da tela e manual do usuário.
Enquanto muitas fabricantes abandonaram a entrada P2, a LG ainda segue mantendo este tipo de conexão para facilitar a vida dos usuários. Além disso, o fone de ouvido que vem junto com aparelho apresenta melhor qualidade que o geral e promete grande experiência sonora. Falaremos sobre isso mais na frente.
O G7 ganhou fortes inspirações na linha V da LG, que vem atraindo a atenção dos consumidores nos últimos anos. Tanto o design quanto a qualidade de construção são bastante similares entre as duas linhas. Para a alegaria de alguns e desgosto de outros, o novo flagship da sul-coreana abraça a tendência do entalhe – também conhecido como notch.
Esta mudança permitiu que a LG esticasse a tela sem ir muito além das medidas do G6. O design em si é bem simples, trazendo mais um smartphone com corpo de metal coberto por duas camadas de vidro. Para compensar a falta de apelo visual, a empresa investiu em cores chamativas – as mesmas disponíveis para o V30S.
O telefone não é apenas resistente à água, mas também é compatível com certificação MIL-STD para resistência a quedas. Sua estrutura de magnésio foi elaborada para dissipar qualquer choque súbito em todo chassi causado por quedas. Mas ainda assim, é mais fino nas bordas que seu antecessor, o que melhora a ergonomia com o aparelho.
O G7 estreia o formato 19,5:9 dentro dos produtos da marca sul-coreana, o que torna o aparelho mais alto e estreito do que normalmente estamos acostumados a ver. A parte frontal é coberta por vidro Gorilla Glass 5, o que ajuda a reduzir riscos.
A LG não incluiu o leitor biométrico no botão de energia, como aconteceu nas gerações anteriores. Agora há um botão na lateral direita para ligar e desligar o aparelho. Curiosamente, a sul-coreana copiou a sua conterrânea ao colocar um botão dedicado para acionar a assistente pessoal, mas aqui temos o serviço da Google ao invés da Samsung Bixby.
O leitor biométrico fica em posição confortável na traseira e funciona bem, como esperado de um aparelho do seu porte. Também é possível usar o reconhecimento facial para desbloquear o celular, mas não espere o mesmo nível de segurança da biometria por digital.
O design do G7 pode ter sido inspirado na linha V, mas a LG não trouxe a tecnologia OLED para o painel de seu novo flagship. Aqui temos a boa e velha tecnologia LCD, a mesma presente nas gerações passadas.
O tamanho de tela supera tanto o V30S com suas 6 polegadas quanto o G6 com 5,7”. Estamos falando de 6,1 polegadas com resolução de 1.440 x 3.210, o que entrega uma densidade de 564 pixels por polegada. Isso é mais do que suficiente para garantir imagens altamente nítidas na palma da sua mão.
A LG promete que a tela do G7 é capaz de atingir 1000 nits de brilho, além de entregar alto contraste para garantir pretos profundos como o da tecnologia OLED. O que percebemos é que o brilho da tela é alto e fica ainda mais forte quando acionado o Modo Externo (com duração limitada de 3 minutos).
O brilho mínimo é bastante baixo, o que torna o G7 um aparelho confortável de ser usado no escuro. O usuário pode alterar a temperatura das cores para ter tons mais vívidos como é visto em celulares com tela OLED. Além disso, a empresa também incluiu o Always on Display, mas o consumo de energia aqui acaba sendo maior do que em aparelhos com tecnologia rival.
O G7 conta com apenas um alto-falante na parte inferior, que recebe o nome de Boombox por parte da empresa. Ele usa o espaço vazio no interior do G7 como câmara de som e, assim, amplifica o áudio em certa medida. O som produzido não preencherá totalmente o ambiente, mas definitivamente soa e se sente mais alto do que os concorrentes atuais que testamos.
O som é nítido e profundo. Teríamos preferido uma configuração de alto-falante estéreo, mas certamente reconhecemos os esforços da LG, pois os resultados são bastante satisfatórios. O fone que acompanha o celular tem boa qualidade de construção e entrega som mais potente do que estamos acostumados a ver. Ele fica de igual com o fone da AKG que vem junto com os flagships da Samsung.
A LG incluiu em seu flagship o chipset Snapdragon 845, a plataforma mais atual e potente da Qualcomm. Esta é a mesma solução adotada por boa parte das grandes fabricantes do mercado. E se você ainda não está familiarizado com este hardware, saiba que ele oferece processador octa-core com velocidade máxima de 2,8 GHz, aliado à GPU Adreno 630.
Infelizmente, diferente de outros flagships com 6 GB ou até mesmo 8 GB de RAM, o modelo da LG trouxe apenas 4 GB de memória. Na teoria é uma quantidade suficiente para lidar com diversas tarefas simultâneas, mas na prática não é isso que vemos no G7.
Em nosso teste de velocidade, o aparelho não conseguiu manter os apps abertos, tendo recarregado praticamente tudo na segunda volta. Isso fez com que o G7 levasse mais tempo para finalizar o teste que muito aparelho intermediário e até mesmo alguns de entrada – o que é um resultado vergonhoso.
Até mesmo em benchmarks ele fica devendo para outros aparelhos com Snapdragon 845. Pelo menos o desempenho em jogos não chega a ser comprometido, apesar de que em alguns títulos vemos resultados abaixo do esperado, como no Modern Combat 5 com média de 41 fps. Há vários flagships e até intermediários que entregam suaves 60 fps neste jogo.
PUBG Mobile roda bem no G7 mesmo na configuração mais alta, mas a autonomia de bateira não chega a empolgar, rendendo menos de 4h longe da tomada.
O G7 veio com bateria menor comparado ao seu antecessor. Com apenas 3.000 mAh, muitos poderiam esperar uma autonomia inferior à do G6 com seus 3.300 mAh. Mas contrariando o pessimismo de muitos, eis que a boa otimização do software aliada ao Snapdragon 845 fizera com que o recente flagship da sul-coreana passasse mais tempo longe da tomada.
O ganho na autonomia foi pequeno, é verdade, mas ainda capaz de superar rivais como o Galaxy S9 . Em reprodução de vídeos, no entanto, o G7 rende menos que seu antecessor e rival da Samsung. De qualquer forma, ainda é possível assistir vários episódios da sua série favorita na Netflix, mas talvez não seja suficiente para assistir uma temporada completa sem precisar recorrer a uma tomada.
Outro ponto que o G7 deixa a desejar para o rival da Samsung é em tempo de recarga. Ele demora quase 2h para ter a bateria totalmente preenchida e com 30 minutos na tomada recupera apenas 30%. Talvez um carregador mais potente seria bem-vindo aqui.
O LG G7 ThinQ tem uma configuração semelhante ao LG V30S ThinQ - uma câmera comum mais uma ultra wide. O sensor principal entrega 16 MP com uma lente f/1.6 e OIS. O secundário entrega 16 MP com abertura f/1.9, mas está limitado a foco fixo e não compartilha o OIS da câmera principal. Ambos os sensores são grandes com 1.0μm pixels. A câmera frontal traz uma unidade de 8 MP com abertura f/1.9.
É aqui onde entra o diferencial do ThinQ, pelo menos na teoria. A câmera principal do G7 é capaz de reconhecer a cena graças ao poder da IA, que foi introduzida com o V30S. A LG diz que não há necessidade de conexão com a internet para funcionar. O software leva em média uns dois segundos para ajustar os parâmetros de acordo com o material reconhecido.
Apesar de parecer interessante, na prática, a ajuda desta inteligência artificial não faz tanta diferença. De qualquer forma, para muitos usuários deve ser mais interessante desativar o recurso, o que agiliza a captura de fotos.
Há também um modo chamado de Super Bright Camera, que faz com que o sensor fique exposto à luz por mais tempo, ajudando a registrar fotos mais claras à noite. Há também um modo retrato que usa a câmera grande angular como um sensor de profundidade. A visualização do efeito é visível em tempo real e você pode editar a foto mesmo depois de tirada.
Entre outras opções de ajuste da câmera temos o modo Manual para imagens e vídeo, cinemagraph, comida, slow-mo, panorâmica, GIF e adesivos AR - tudo bastante autoexplicativo. O menu de configurações é um pouco confuso, mas uma vez que você perceba onde estão as configurações de vídeo dominará completamente o software do G7.
As fotos capturadas durante o dia apresentam alto nível de detalhes, mas ainda pecam para outros flagships. O nível de contraste e cores é excelente, apresentando alta faixa dinâmica mesmo quando o HDR está desativado. No entanto, percebemos que em algumas fotos – especialmente quando há vegetação – que as imagens sofrem com excesso de pós-processamento, o que deixa a foto com aspecto de pintura a óleo. Para reduzir este problema é bom deixar o HDR no modo manual.
Em situações de pouca luz, a câmera do G7 tenta suprir ao máximo os ruídos das fotos, o que acaba comprometendo o nível de detalhes. Usar o modo especial para cenários muito escuros ajuda a capturar fotos mais claras com baixo nível de ruídos, mas não espere milagres.
O G7 ThinQ vem com Android 8.0 Oreo modificado pela interface LG UX, que traz launcher próprio e apps da própria empresa que substituem os nativos do sistema da Google. Integrado ao Android modificado da fabricante está o Google Assistente, com direito a botão dedicado para rápido acionamento.
O software da LG permite ocultar o entalhe ao tornar a barra de status preta. Infelizmente, essa “maquiagem” só funciona com os aplicativos nativos do aparelho. Por padrão, o Android força os aplicativos a mudarem a cor do topo da tela, o que acaba comprometendo o uso do recurso da LG.
LG está ciente que nem todos os aplicativos têm suporte ao formato 19,5:9 da tela do G7. Desta forma, a empresa incluiu um recurso que deixa mais larga a barra de navegação para forçar o app a preencher toda a tela.
O Android da sul-coreana vem recheado de recursos, com equalizador completo para oferecer boa experiência sonora. Infelizmente, a empresa peca em otimização, já que o G7 não tira bom proveito dos seus 4 GB de RAM.
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