O Moto G30 era o celular mais barato da Motorola com tela de 90 Hz, mas não satisfeita com a sua já saturada linha de celulares, a fabricante trouxe ao Brasil em maio o seu novo básico com tela de alta velocidade: o Moto G20 . Os dois estão muito próximos em preço, o que pode tornar a escolha complicada. Será que o G20 faz sentido ou é mais um lançamento desnecessário? Vamos conferir.
O Moto G20 vem em embalagem escura com o logo branco da Motorola e o nome do aparelho em verde. Além do celular, você recebe os seguintes acessórios:
O Moto G20 é muito parecido com o G30; eles possuem o mesmo corpo de plástico com medidas e peso idênticos. Fica claro que a Motorola reaproveitou grande parte do projeto para reduzir o custo de produção.
O modelo chega ao Brasil em duas opções de cores: azul ou rosa. O acabamento é fosco, o que ajuda a reduzir o acúmulo de marcas de dedo. O leitor biométrico fica localizado no logo da Motorola e funciona bem.
Na lateral direita do G20 encontramos o botão de energia, controle de volume e um dedicado para o Google Assistente. Do lado oposto há apenas a gaveta híbrida do SIM card e microSD, enquanto no topo temos a entrada para fones de ouvido. Na parte inferior há a entrada USB-C, alto-falante e o microfone de chamadas.
O Moto G20 vem equipado com Wi-Fi AC para redes 5 GHz e Bluetooth 5.0, além de giroscópio. Porém, nada de NFC neste modelo.
A parte frontal apresenta moldura não muito larga, com exceção da parte inferior. No topo há entalhe em formato de gota para abrigar a câmera de selfies. A tela de 6,5 polegadas tem resolução HD+ e painel IPS LCD; e assim como no Moto G10 e G30, o brilho é baixo. Usar o G20 fora de casa pode ser um pouco complicado, especialmente em dias ensolarados.
O grande destaque mesmo fica para a taxa de atualização de 90 Hz, o que garante animações mais fluidas do que no Moto G10 que está limitado a 60 Hz. O nível de contraste é decente, assim como o ângulo de visão, mas não espere por suporte a HDR10 para vídeos no YouTube ou serviços de streaming.
A parte sonora também não empolga. Há apenas uma saída de som, o que limita a áudio mono. O G20 também peca nos graves e médios, dando grande destaque para os agudos, o que é suficiente para ver vídeos no YouTube, mas limita bastante nas músicas. Pelo menos vem fone de ouvido na caixa que ajuda a quebrar o galho, enquanto a Samsung não manda mais o acessório com seus celulares.
Talvez o ponto mais polêmico no Moto G20 esteja na plataforma adotada. Enquanto a Motorola possui vários celulares com hardware da Qualcomm ou MediaTek, o G20 vem equipado com o Unisoc T700. Eu sei, você provavelmente deve ter feito cara feia quando soube, mas a verdade é que a fabricante vem evoluindo e o G20 até se saiu melhor que o G30 em nosso teste de velocidade focado no multitarefas.
Ele também se saiu melhor em alguns testes de benchmarks, como no caso do AnTuTu que deu uma pequena vantagem de 10% na pontuação ao G20. E jogos? Testamos Asphalt 9, Call of Duty, PUBG, Coverfire e Mario Kart; todos os jogos rodaram bem na qualidade gráfica mais baixa e não sofreram com engasgos.
O Moto G20 vem equipado com bateria de 5.000 mAh, que a Motorola alega durar muito. Realmente podemos confirmar que o aparelho entrega ótima autonomia e rende mais de um dia longe de tomadas. Se for usar o G20 para uso mais leve como troca de mensagens e redes sociais terá bateria para dois dias facilmente.
Ficou impressionado com o rendimento do chip T700? Bem, agora vem a notícia ruim. O G20 vem acompanhado de carregador de 10W, o mesmo que acompanha o Moto G10, e por mais que os dois possuam o mesmo tamanho de bateria, o G20 acabou levando 5 horas para recarregar, sendo o pior tempo entre todos os aparelhos que testamos, enquanto o G10 levou menos de 3 horas.
Uma carga de 15 minutos recupera apenas 5% e mesmo com 1 hora na tomada terá apenas 20%. Será culpa do Unisoc ou alguma limitação por software? Não sabemos, mas é realmente inaceitável um aparelho lançado em 2021 demorar tanto para recarregar.
O conjunto fotográfico na traseira é o mesmo do Moto G10. A câmera principal possui resolução máxima de 48 MP, há uma secundária com lente ultra-wide e 8 MP, além de uma dedicada para macros e outra para desfoque de fundo – ambas com 2 MP de resolução. O que muda é que a câmera frontal do G20 é a mesma do G30, com resolução de 13 MP.
O Unisoc T700 interfere na qualidade fotográfica? Sim. Não que o sensor principal do G20 seja lá essas coisas, mas as fotos possuem um alcance dinâmico muito limitado sendo obrigatório o uso do HDR para evitar fundo estourado com céu todo branco. As cores são neutras e o contraste é decente, mas o nível de detalhes é baixo para um sensor de alta resolução.
Se a câmera do G20 não empolga de dia, imagina em locais escuros. A nitidez cai bastante e os detalhes que eram poucos são ainda mais comprometidos. A ultra-wide registra fotos mais escuras e com borrões acentuados nas bordas. É o tipo de câmera que será usável apenas de dia e apenas quando não for possível enquadrar tudo com a principal.
A câmera macro também é limitada e isso por causa do sensor de baixa resolução que não captura muitos detalhes, além da falta de foco automático que limitada a distância mínima ao fotografar. A de desfoque é mais competente e não apresenta muitos erros na separação de planos.
A câmera frontal é capaz de registrar boas selfies em locais com boa iluminação e o modo retrato, apesar de desativar o HDR e limitar ainda mais o alcance dinâmico, não apresenta muitos erros no desfoque. O problema fica ao fotografar à noite: as selfies perdem detalhes, as cores saem distorcidas e o modo retrato só piora tudo.
A filmadora grava em Full HD com a principal e a ultra-wide, ficando limitada apenas a HD com a macro. A qualidade dos vídeos é decente, mas a falta de estabilização resulta em filmagens tremidas. O foco não é muito lerdo, mas o que realmente decepciona é o áudio apenas mono. As câmeras ultra-wide e frontal sofrem bastante para filmar à noite e resultam em vídeos escuros e com muitos ruídos.
O Moto G20 sai com Android 11 da caixa e no momento em que analisamos o aparelho estava com o pacote de segurança de maio de 2021. A Motorola não é das mais ágeis em atualizações de segurança e vem até devendo updates do Android nos modelos mais básicos.
Estranhamente, o Moto G20 não vem com o app Moto que traz a parte de customização da interface e os gestos clássicos presentes na linha Moto G. Temos apenas o Hello You que é um agregador de notícias com alguns atalhos do sistema no topo.
Em termos de fluidez não espere muito do G20, mas as animações rodando a 90 fps ajudam um pouco a passar a sensação de um celular mais ágil que o Moto G10.
O Moto G20 possui concorrência dentro do próprio portfólio da Motorola. O Moto G9 Power é encontrado na mesma faixa de preço e entrega melhor desempenho e câmeras, além de bateria que dura quase o mesmo e que recarrega muito mais rápido. Ele só fica devendo na tela que é apenas 60 Hz.
O Moto G30 é uma melhor escolha? Depende. O mais caro tem melhores câmeras, mas acabou sendo ainda mais lento em nosso teste de velocidade focado no multitarefas, além da bateria render menos. Por outro lado, ele leva metade do tempo para carregar.
Da Samsung temos o Galaxy A32 com preço próximo ao do G20 e também oferecendo tela de 90 Hz, mas com painel AMOLED de melhor qualidade. O modelo coreano ganha em câmera e sua bateria dura ainda mais, além de recarregar mais rápido. Só faltou um pouco de gás no multitarefas, mas o sistema da Samsung é mais completo e tem updates garantidos.
Leave a comment