A Motorola tenta, pela terceira vez, manter seu trono de smartphone mega reconhecido dentro de um mercado de aparelhos de médio custo. Hoje, diferente do mundo há três gerações de celulares, o mercado já está mais concorrido e recebeu o barato-e-bom-aparelho da Xiaomi, o Redmi 2. A briga ficou mais feia e é neste mundo que temos o Moto G de terceira geração. Por dentro ele mudou pouco, trocando apenas o processador para uma versão de 64 bits, adicionando 1 GB de memória RAM (há modelos de 1 GB de RAM também) e TV digital de alta definição, deixando de lado o antiquado e feio 1seg que está em quase que todo aparelho com este tipo de recurso. Do lado de fora, há mudanças bem-vindas e algumas que não fazem o menor sentido - como a ausência do alto-falante estéreo que estava na geração passada.
A embalagem também mudou, perdeu a foto que estava nas caixas dos modelos passados e ficou mais sóbria. Ficou maior também, com mais espaço para os mesmos acessórios - outro ponto que também não faz sentido. Por aqui temos o celular, cabo de dados USB, fone de ouvido e carregador de tomada. O modelo enviado para testes não conta com as capinhas extras e nem com TV digital - neste último, além das capas traseiras extras, você encontra a antena para sintonizar os canais abertos da região.
Nesta parte está algumas de suas maiores mudanças, principalmente por deixar o visual simplório que estava nas duas gerações anteriores, ao adotar um ar que lembra algumas linhas e detalhes de aparelhos mais caros, como o Moto X. As bordas receberam o visual do Moto X, mas ainda são feitas em plástico e a traseira ganhou textura áspera bastante agradável, que ajuda na pegada (falo disso no item seguinte). Na frente temos uma tela de 5 polegadas, que ocupa 67% da frente do smartphone, conta com resolução de 1280 x 720 pixels, densidade aproximada de 294 pixels por polegada e proteção de um Gorilla Glass 3. Ainda por aqui está um de seus pontos negativos: os alto-falantes que antes reproduziam músicas e quaisquer sons em estéreo, agora foram reduzidos em um único falante, mono e de menor qualidade. Poxa Motorola! O Moto G do ano passado tinha um dos melhores conjuntos de falantes!
Ainda na frente está a câmera frontal de 5 megapixels (com o mesmo sensor que estava na câmera traseira do Moto G de primeira geração), que permite utilizar HDR e ainda filma em Full HD. As fotos são...OK, nada além do que você espera de algo para selfies, mas um pouco além de seus concorrentes - principalmente do Redmi 2, que tem uma câmera frontal sofrível. Enfim, a tela deste Moto G manteve tamanho, proteção e resolução do modelo anterior. O problema é que a tela de seu concorrente mais barato, o Redmi 2, também é tão boa e impressionante, com um aparelho que custa em média R$ 200 mais barato. O Moto G perdeu a estrela neste ponto, quando ainda era o mais barato aparelho bacana que você poderia encontrar no mercado.
Na lateral direita estão os botões de controle de volume e liga/desliga (que está com textura diferente dos de volume, o que ajuda na hora de não apertar o botão errado). Do outro lado não há nada, enquanto acima de tudo fica a entrada de fone de ouvido, com a porta microUSB na parte inferior. Atrás de tudo está a tampa traseira, que pode ter uma grande quantidade de cores diferentes (direto do Moto Maker, que finalmente chegou ao Brasil!) e ainda pode ter uma frase gravada, como esta da foto abaixo - que ficou bem escondida. Pela primeira vez o Moto G ganha dois LEDs para flash, sendo que há um com luz mais quente e outra mais fria, para melhorar a reprodução da tonalidade correta da pele ao usar o flash. Aqui também fica a lente da câmera traseira, que agora trabalha com 13 megapixels, com HDR, filma em Full HD e que melhorou em qualidade quando olhamos o modelo anterior.
Abrindo a tampa, vemos as duas entradas para SIM cards de operadoras (ambos podem ser 4G), junto do slot microSD para cartões de até 32 GB. A bateria não pode ser acessada desta forma e sua autonomia subiu 400mAh, quando o Moto G de segunda geração está do lado deste. Agora são 2.470mAh, que garantem até dois dias de uso moderado, ou até três dias se você utilizar o aparelho por uma hora para telefone, mais uma hora para navegação, outra para vídeo e mais uma para música - nada além disso por dia. No seu cotidiano, garantimos que um dia inteiro está seguro por aqui.
Ah, por fim, uma das grandes novidades deste modelo é que ele pode mergulhar, literalmente, em água doce por até um metro de profundidade e durante 30 minutos. A Motorola não recomenda um mergulho de piscina com o aparelho no bolso, mas pode ficar tranquilo que ele vai sobreviver para contar a história - dá até para gravar vídeo dentro da água.
Vale lembrar de uma coisa: uma vez dentro da água, a tela perde sua função de toque e não pode ser alterada. Se você planeja filmar dentro da água, é necessário iniciar o vídeo antes de entrar na água. Isso ocorre por conta da água em contato com a tela, que o smartphone entende como se fosse um toque. É algo como ter a tela inteira coberta por sua mão e você ainda quiser tocar algo extra. Não dá.
Sim, o Moto G continua grande e quase do mesmo tamanho do aparelho de segunda geração, mas isso não faz dele um smartphone trabalhoso de lidar nas mãos. A traseira ganhou uma bela textura em frisos, que ajuda na pegada, mas não ajuda tanto quanto a traseira mais aderente do modelo do ano passado - mesmo assim, não é ruim, é até mais bonito e tem quase a mesma função. De metal e bem escorregadio temos apenas o centro do dispositivo, que não é onde seus dedos ficarão. Em outras palavras, ficou realmente mais bonito e não perdeu tanto de sua pegada confortável.
Em números suas dimensões são de 142,1 milímetros de altura, por 72,4 de largura e outros 11,6 milímetros de espessura. Está longe de ser um smartphone que ocupa muito espaço dentro do bolso, mas seu tamanho de tela não vai deixar o dispositivo passar desapercebido quando você caminhar com ele no bolso de uma calça jeans - que é naturalmente mais apertado.
Uma das características que fez da Motorola uma das queridinhas de grande parte da imprensa e dos usuários, é a ausência de alterações no aparelho, nada de interface customizada ou uma enxurrada de aplicativos que você não pediu. Assim como já fez com modelos anteriores da linha Moto, o Moto G de terceira geração continua com uma experiência que é o mais próximo possível do Android puro, com pouquíssimas e muito bem-vindas alterações, como o Moto Tela que estava no Moto X e que chegou por aqui. Você tem o Android 5.1.1 já instalado de fábrica, o que é um presente justamente por ser uma versão tão atual do sistema operacional móvel do Google.
As maiores vantagens de ter um Android limpo ficam por conta de maior velocidade na atualização (a Motorola tem pouco para alterar do Android, o que agiliza a liberação do update), menos peso para o hardware (são menos serviços rodando no fundo) e, como consequência de menor peso, maior autonomia de bateria (menos processos gera automaticamente um consumo menor da bateria).
A maior adição recente deste modelo está na chegada do Moto Tela, que estava presente apenas no Moto X e Moto Maxx e que permite exibir informações de notificações sem a necessidade de ligar a tela. Em telas LCD este recurso não tem o mesmo impacto em economia de energia como nos AMOLED do Moto X e Maxx, mas ainda assim entrega uma funcionalidade bastante bonita. Basta tirar o aparelho de uma superfície lisa, ou do bolso, para a tela mostrar as principais notificações - ou então os controles de música.
Junto disso temos o Moto Assist, que é um recurso capaz de ligar algumas ferramentas quando, por exemplo, detecta que você está em casa. Ou então é possível deixar o aparelho no silencioso, de forma automática, quando há uma reunião marcada na agenda do Google. Por fim, existem dois atalhos bem úteis para ligar a câmera (basta agitar duas vezes o smartphone) e outro para ligar os LEDs da parte traseira - ou algo como ligar a lanterna. Neste segundo, basta balançar o aparelho no mesmo eixo e duas vezes, para que a lanterna ligue. O mesmo movimento desliga a lanterna. O que muda de outros aparelhos para este, é que não há o Moto Voz e toda a configuração destes recursos é feita em um app separado, não mais dentro do menu de configurações.
A tela inicial conta com o tradicional de aparelhos Android, ou seja, você pode trocar papel de parede, widgets, adicionar atalhos e acessar o menu de aplicativos. A área de notificações apresenta dois níveis, sendo um apenas com notificações e outro com atalhos para recursos como Bluetooth, Wi-Fi ou então ligar o modo avião. O Google Now pode ser acionado a partir da tela lateral, da mesma forma como no Moto G do ano passado.
Tudo roda muito bem e sem apresentar engasgos no modelo que estou testando, que conta com processador Qualcomm MSM8916 Snapdragon 410 rodando quatro núcleos em 1.4 GHz, acompanhado de 2 GB de memória RAM e 16 GB de espaço interno - que pode crescer com mais 32 GB em um microSD. A GPU é uma Adreno 306, suficiente para alguns jogos mais leves e até faz bonito em games mais pesados, como Modern Combat 5.
A Adreno 306 é poderosa sim, garante alguma jogatina sem engasgos e isso vale até mesmo para o pesado Modern Combat 5. Neste exemplo, a Gameloft baixa um pouco dos gráficos para poder lidar bem com o desempenho do aparelho. A qualidade não fica tão feia, enquanto a taxa de quadros por segundo não caiu nem mesmo em momentos recheados de explosões. Em jogos mais leves, como Candy Crush ou Angry Birds, o desempenho foi muito bom e sem qualquer travamento. Vale lembrar que este modelo testado conta com 2 GB de memória RAM, desempenho superior ao de 1 GB de RAM - e isso faz uma diferença grande em jogos.
O player de música é o nativo do próprio Android, ou seja, o Play Música. Ele é capaz de rodar qualquer arquivo em MP3, AAC+, WAV e WMA. A capa do álbum é exibida sem problemas, junto de informações que estão no arquivo executado. Além disso, ele é capaz de conectar com o Google Play Música e acessar as músicas que estão salvas no serviço ou então as rádios online do serviço pago. Não há player de vídeo nativo, sendo a galeria o player padrão de fábrica. Com ele você consegue reproduzir arquivos MP4, H.263, H.264 eWMV em alta definição. Não há travamentos ou engasgos durante a reprodução.
O novo Moto G, em sua terceira geração, conta com um sensor traseiro de 13 megapixels, com lente de abertura f/2.0 e dois LEDs para flash - que trabalham em cores diferentes para ajustar a tonalidade correta de pele para cada pessoa. A câmera continua com sua interface minimalista de toda a linha Moto, que vai até para o simplório Moto E. Há modos mais avançados como HDR automático, captura com apenas um toque em qualquer parte da tela, proporção de imagem (16:9 ou 4:3), modo panorâmico e a opção entre salvar as fotos na memória interna ou externa.
A qualidade e o sensor de imagens deste modelo é muito semelhante ao que você encontra hoje no Nexus 6, que ainda não foi lançado no Brasil e também é fabricado pela Motorola. As diferenças ficam na ausência do estabilizador ótico de imagem e qualidade ligeiramente inferior ao irmão mais velho e mais musculoso - que custa muito mais caro . Mesmo com este ponto mais para baixo, fiquei impressionado com a qualidade final das imagens - há pouco granulado mesmo nas fotos noturnas. O que mais surpreende não é a qualidade da câmera em si, mas quando olhamos para os resultados de seus concorrentes. Neste ponto, o Moto G está acima de todos.
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