A família Nexus é bem conhecida por parte dos usuários de Android, principalmente por usuários mais avançados - já que Nexus não é um modelo que aparece nas prateleiras com tanta frequência, em território tupiniquim. O Nexus 6 é o modelo mais recente dos pedidos do Google por um smartphone limpo de qualquer alteração de fabricante, que ainda não chegou no Brasil (sequer há data prevista para isso acontecer) e, enquanto eu estava em Barcelona para a MWC, aproveitei para trazer um. Por dentro ele é parrudo, com seu Snapdragon 805 rodando quatro núcleos em 2.7 GHz, 3 GB de memória RAM e espaçosos 32 GB de memória interna. O Android é limpo, sem peso extra de interface e isso tudo voa. A embalagem é toda branca, com um "6" em baixo relevo na parte da frente e algumas informações sobre o modelo escolhido (há um de 64 GB e outro de 32 GB), que fica na lateral.
Abrindo o pacote, podemos ver o celular, uma caixinha com manuais de instruções e uma ferramenta para extração do SIM card. Abaixo disso está o carregador de tomada com porta USB (o mesmo do Moto Maxx) e um cabo USB. É tradicional da linha Nexus deixar de lado o fone de ouvido. Isso acontece desde o primeiro modelo, o Nexus One - não deixa de ser chato, só por ser tradicional.
O Nexus 6 apresenta uma construção que lembra muito o Moto X de segunda geração. Olhando mais de perto é possível notar que a Motorola apenas deu mais fermento para o smartphone, aumentou alguma coisa do loado de dentro e entregou para o Google. Na parte da frente temos uma tela AMOLED de enormes 5.96 polegadas (6 polegadas, né?), com proteção Gorilla Glass 3, resolução de 2560 x 1440 pixels, densidade aproximada de 493 pixels por polegada e aproveitamento de 74,1% da frente do dispositivo. Ainda por aqui temos dois alto-falantes para som estéreo, sensor de luz, proximidade e também uma câmera frontal de 2 megapixels.
De um lado não há nada, com os botões para controle de volume e liga/desliga no lado oposto.
Acima fica a gaveta para remover o SIM card e entrada para fone de ouvido. Abaixo está a entrada para cabo microUSB.
Atrás temos o microfone, câmera de 13 megapixels e dois LEDs para flash. A bateria não é removível (assim como em qualquer Nexus) e oferece 3.220mAh, suficiente para 24 horas de conversa ao telefone, 330 horas (quase seis dias) de stand-by e, no uso cotidiano, é possível sobreviver por um dia inteiro de uso moderado - sobrando uma carga pequena que pode durar o restante da madrugada - enquanto você dorme. A tela enorme, junto da resolução duas vezes superior ao Full HD, fazem os mAh trabalharem mais do que o esperado.
Este celular é enorme, muito mesmo. São quase 6 polegadas de tela, uma dimensão de corpo que nos faz pensar onde que foi parar a linha entre smartphones e tablets. Isso é ótimo para assistir filmes, jogar e ler texto de algum site, mas é péssimo para ergonomia, pior ainda para quando você coloca este gigante no bolso. A traseira é pouco áspera e com uma curvatura que veio do Moto X, mas ainda assim é desconfortável e esqueça que um dia você usou um smartphone com apenas uma mão. Não é possível por aqui. Para ter uma ideia mais simples de comparação, o Nexus 6 é maior do que os já grandes Galaxy Note 4 e iPhone 6 Plus.
Suas - ENORMES - medidas são de 159,3 milímetros de altura, por 83 milímetros de largura e 10,1 milímetros de espessura, tudso isso somado aos 184 gramas. É enorme, é pesado e é desajeitado de ficar na mão. A experiência é ainda pior para quando ele está descansando dentro de um bolso - sempre vai ficar alguma parte dele para fora e você jamais vai esquecer que ele está lá. Em uma bolsa feminina o problema é atenuado.
Tudo que você espera de um Nexus, está aqui. Isso significa o silêncio e a tranquilidade, junto da leveza de um Android sem qualquer alteração por parte da fabricante. Não há TouchWiz, ZenUI ou qualquer alteração que você já viu por ai. Temos um ponto positivo enorme nesta falta de interface, que é a economia de hardware e o melhor desempenho, junto da economia na hora de ocupar menos espaço dentro da memória interna - que por aqui é a única existente, não é possível expandir. Por dentro temos um processador Snapdragon 805 rodando quatro núcleos em arquitetura Krait 450 de 2.7 GHz, acompanhados de 3 GB de memória RAM, 32 ou 64 GB de espaço interno e uma GPU Adreno 420. Tudo de melhor que o Android pode oferecer em 2014 e no começo de 2015, junto de uma interface leve, temos: velocidade. Quase nada leva tempo para a abrir e travamentos são raríssimos, mesmo com boa quantidade de aplicativos abertos ao mesmo tempo. Outro ponto positivo é que atualizações do Android sempre chegam nos Nexus antes de todo mundo, antes de aparecer em qualquer outro fabricante.
O ponto negativo, que nem é tão ruim assim, é que não há nada além do que o Google criou. Não há aplicativo para ajudar na hora de fazer anotações, não há app para ligar a câmera quando agita o celular e, principalmente, o gerenciamento de energia ainda está muito atrás do que fazem empresas como Sony e Microsoft (considere: Nokia). Este ponto não é tão negativo por motivos de: quase que tudo isso está disponível dentro do Google Play. É só baixar e instalar a função que você sente falta. Simples e prático assim.
O Android que roda por aqui está na versão 5.0.1, que é a mais recente disponível pelo Google - o 5.1, em março de 2015, ainda está em fase de distribuição e o Nexus 6 receberá a novidade em pouco tempo. Nativamente temos apenas o pacote de apps do Google, ou seja, Gmail, Google Maps, Agenda, Calculadora, Google Drive, Docs (que engloba planilhas e documentos de texto), Google Fit, Hangouts, Google+, Keep e YouTube. Fim.
Olhando para o lado de estética e de usabilidade, esbarramos no que poderia transformar aparelhos grandes em ótimos dispositivos para ter como amigo. A tela inicial, por exemplo, não vira por completo e alguns aplicativos não tomam espaço para otimizar as polegadas extras de um phablet gigantesco. Sabe aquele efeito que faz com que a interface mude no iOS 8, do iPhone 6 Plus, justamente para aproveitar melhor a tela maior? Não existe por aqui e isso não é um prolema do Nexus 6. É do Android. Imagine se, por exemplo, o app do Gmail pudesse oferecer uma visualização de dois painéis ao mesmo tempo, quando a tela fosse virada. Seria genial, mas não faz.
Este é um pedido que pode ser confundido como uma forma de priorizar o uso com o celular deitado. Não é, é apenas a possibilidade de usar mais, na mesma tela e tirar proveito do enorme display, com resolução duas vezes superior ao que você tem na TV da sala. Há espaço (em polegadas) e mais espaço (em pixels) para encaixar uma visualização que pudesse entregar melhor produtividade.
Sem estes truques visuais, usar um telefone deste tamanho vira apenas algo bem estranho.
Há poder de fogo suficiente para rodar qualquer game disponível, hoje, no Google Play. O Snapdragon 805, com quatro núcleos rodando a 2.7 GHz, acompanhado de 3 GB de memória RAM, GPU Adreno 420 e uma interface que não pesa para o sistema operacional rodar, temos uma máquina de peso para jogos. Testamos o pesado Asphalt 8, que rodou tranquilamente. O mesmo ocorreu com o Modern Combat 5 e outros títulos pesados. Tudo rodou sem qualquer engasgo ou travamento, muito menos com queda na taxa de quadros por segundo. Com este conjunto, jogos que serão lançados num futuro próximo (coisa de um ano ou dois) poderão rodar sem qualquer problema. Aqui, o conjunto de tela enorme e alto-falantes estéreo, ainda entrega uma experiência de jogos muito superior aos seus concorrentes.
O player de música é o Play Música. Ele é capaz de rodar qualquer arquivo em MP3, AAC+ e WAV. A capa do álbum é exibida sem problemas, junto de informações que estão no arquivo executado. Além disso, ele é capaz de conectar com o Google Play Música e acessar as músicas que estão salvas no serviço - que não funciona no Brasil, infelizmente.
Não há player de vídeo nativo, sendo a galeria o player padrão de fábrica. Com ela você consegue reproduzir arquivos MP4 e H.264 em alta definição. Não há travamentos ou engasgos durante a reprodução.
Assim como outros aparelhos Nexus e outros dispositivos da Motorola, a câmera não é o ponto forte por aqui. São 13 megapixels no sensor, que trabalham bem quando há boas condições de luz e, mesmo com o estabilizador ótico de imagem, os resultados noturnos são bem abaixo de seus concorrentes - olhe isso para o lado de fabricantes como Apple e Samsung, que trabalham bem melhor em imagens. Outro ponto negativo fica para a falta de recursos extras, como possibilidade de filmar em câmera lenta, criar time-lapse ou até filtros para a foto. Não existe nada disso, mesmo com as APIs de câmera liberadas - o que pode significar que você encontrará estes recursos, mas não no app nativo deste phablet.
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