Razer é uma famosa empresa focada no público gamer. Eles investem em periféricos de alta qualidade e até notebooks, geralmente cobrando um preço salgado pelo que é oferecido ao público. Ao entrar no mercado de smartphones, era esperado que a companhia seguisse a mesma estratégia, mas acabou surpreendendo por trazer um smartphone por US$ 699.
O grande destaque do Razer Phone , como já esperado, está em jogos. O smartphone se destaca por trazer tela de 120 Hz produzida pela Sharp. Enquanto todos os flagships do mercado ainda oferecem telas de 60 Hz, o Razer Phone é capaz de entregar uma experiência mais fluída graças à maior taxa de atualização do painel IGZO IPS LCD.
Este, porém, não é seu único trunfo. O Razer Phone também tenta impressionar na parte sonora com seus largos e potentes alto-falantes frontais com suporte à tecnologia Dolby Atmos e certificação THX.
O Razer Phone já começa impressionando com sua embalagem. Ele vem em uma caixa de ótima qualidade com textura para todo lado e acessórios todos devidamente organizados em compartimentos separados. Ao abrir a embalagem damos de cara com uma carta do CEO da empresa, onde deixa claro para qual público é destinado o produto: os gamers exigentes.
Além do smartphone encontramos um adaptador para fones de ouvido. Sim, o Razer Phone, assim como diversos recentes lançamentos, não vem com entrada P2. A boa notícia é que o acessório vem com revestimento em nylon, o que garante ótima resistência e durabilidade, já que você usará tal acessório muitas vezes quando for ouvir músicas no aparelho.
O cabo USB com ponta USB-C nos dois lados também conta com o mesmo tipo de revestimento. O carregador que vem junto oferece 3A em 5V, 2,67A em 9V e 2A em 12V. Infelizmente, o Razer Phone não vem com nenhum fone de ouvido com certificação THX, o que é uma pena já que compromete um pouco a experiência superior que o produto tenta entregar.
Por fim, temos o guia do usuário, chave para abrir a gaveta do cartão SIM e microSD e dois adesivos com o logo da empresa.
Indo na contramão do mercado atual, o Razer Phone vem com borda larga no melhor estilo Xperia. A desculpa da empresa para fugir da tendência do mercado de aparelhos com cada vez menos bordas está nos poderosos alto-falantes frontais com certificação THX. Eles são maiores que quaisquer outros alto-falantes vistos em outros smartphones.
O aparelho tem acabamento em metal de ótima qualidade. Seu design é simples e sóbrio, sem tela curva ou saliências na traseira. Ele pode ser um pouco desconfortável de ser usado, já que estamos diante de um aparelho grande com 158,5 mm de altura, 77,7 mm de largura e 8 mm de espessura. O Razer Phone também é um pouco pesado com seus 197 gramas.
O alto-falante superior divide espaço com os sensores de luminosidade e proximidade, além da câmera frontal de 8 megapixels. Na traseira temos uma câmera dupla de 12 megapixels e flash duplo em LED. Na direita do aparelho encontramos o botão de ligar/desligar com leitor biométrico incorporado e gaveta para cartão SIM e microSD. Na esquerda temos os botões de controle de volume, enquanto nas partes superior e inferior temos dois microfones, além da entrada USB-C embaixo.
A qualidade de construção é ótima. Fica claro que a Razer não economizou nos materiais usados. O Razer Phone passa segurança e durabilidade e devido às suas bordas largas, a tela não deve quebrar com facilidade ao cair no chão.
O leitor biométrico funciona bem, desde que você acerte seu polegar perfeitamente no botão. A leitura é rápida, não tanto quanto smartphones mais recentes, mas não chega a irritar o usuário.
Uns dos grandes destaques do Razer Phone é sua bela tela IGZO IPS LCD. Ela apresenta ampliada gama de cores para reproduzir todos os tons possíveis, entregando a melhor imagem possível. De cara notamos que seu brilho não é alto, o que chega a ser um pecado para um painel tão avançado.
Em nossas medições vimos uma média abaixo de 500 lux (realizada com luxímetro). O brilho baixo compromete o uso do aparelho em ambiente externo, ainda mais quando o vidro que cobre a tela também reflete muito.
O diferencial fica para a taxa de atualização de 120Hz, o que permite que as animações do Android e jogos rodem fluidamente a 120 quadros por segundo. É possível reduzir a taxa de atualização para 90Hz ou até mesmo 60Hz.
Por padrão, o Razer Phone vem em 90Hz. Para quem fizer questão de rodar jogos a 120 fps no aparelho terá que mudar nas configurações de tela para 120 Hz. Quanto maior for taxa de atualização do painel, maior será o consumo de bateria. No entanto, a diferença não chega a ser grande entre as três opções.
Outro grande destaque do Razer Phone é sua qualidade sonora. O aparelho conta com dois alto-falantes enormes na parte frontal (responsáveis pelas bordas largas do aparelho), mas que entregam um som nunca visto em outro smartphone. Eles não são apenas potentes, mas oferecem ajustes para explorar o áudio de melhor forma, graças ao THX e Dolby Atmos.
Nas configurações de som do Android o usuário pode escolher entre cinco perfis de calibração de áudio ou criar dois perfis personalizados. O aplicativo da Dolby também vem com alguns exemplos que mostram o potencial do som do aparelho.
Em recente atualização de software, o Razer Phone ganhou suporte a HDR e Dolby Atmos na Netflix. Infelizmente, devido ao brilho da tela o efeito do HDR acaba sendo bastante limitado.
O Razer Phone vem com hardware potente, incluindo o chipset Snapdragon 845 e 8 GB de RAM. O aparelho apresenta desempenho esperado para um flagship com tal configuração, mas seu grande foco está em explorar o potencial da GPU Adreno 640.
Ele conquistou 170 mil pontos no benchmark AnTuTu, uma média alcançada pela maioria dos smartphones com Snapdragon 835. No Geekbench, ele consegue alcançar quase 2 mil pontos quando apenas um dos seus núcleos mais potentes é testado. Quando todos os núcleos entram em ação a pontuação passa dos 6 mil, um resultado também excelente. Há também um teste que envolve a GPU, chegando a 7,8 mil pontos neste caso.
Em benchmarks gráficos temos o 3D Mark, onde a unidade gráfica consegue alcançar 3.728 pontos no teste do Sling Shot Extreme, o mais pesado entre as opções oferecidas pelo benchmark. Nesta pontuação temos o resultado gráfico com 3.968 pontos e o teste de físicas com 3.077 pontos.
Já para o GFX Bench temos três testes sintéticos. No teste do T-Rex, que usa a API gráfica mais antiga, o smartphone da Razer rodou o teste a 75 fps em Quad HD. No teste do Manhattan, que usa a API gráfica 3.0, o smartphone conseguiu rodar a animação a 39 fps na resolução nativa da tela. Enquanto no teste do Car Chase (Open GL 3.1 ES) tivemos 15 quadros por segundo.
Em nosso teste de velocidade medimos quanto tempo o Razer Phone leva para abrir uma dúzia de apps. Na lista selecionada temos os apps de Câmera, Galeria e Configurações enquanto outros foram baixados, como Facebook, WhatsApp, Chrome, Netflix, Spotify, Photoshop Mix, Pokémon Go e Asphalt 8.
A abertura foi realizada exatamente nesta ordem, contando o tempo a partir do momento em que o cronômetro foi iniciado e sendo feita uma marcação ao final do primeiro ciclo para vermos se a segunda etapa seria executada mais rapidamente, pois todos os apps e jogos teoricamente já estariam armazenados na RAM.
Na primeira rodada o Razer Phone levou 50 segundos para abrir todos os aplicativos. Na segunda rodada, o smartphone voltado para gamers precisou de apenas 17 segundos. Com exceção do app de câmera, os demais continuaram abertos nos 8 GB de RAM do aparelho. Todavia, há vários modelos com Snapdragon 835 com resultados melhores.
Usamos a ferramenta Gamebench para medir a taxa de quadros por segundo em alguns jogos. Infelizmente, alguns títulos da Gameloft vêm travados para rodarem a 30 fps, como é o caso dos dois jogos de corrida testados. Injustice 2 também entra neste grupo, o que acaba limitando o potencial do aparelho.
FPS | CPU | GPU | RAM | |
Asphalt 8 | 29 | 4% | 51% | 638 MB |
Asphalt Xtreme | 30 | 4% | 36% | 671 MB |
Injustice 2 | 30 | 5% | 46% | 836 MB |
Modern Combat 5 | 62 | 27% | 61% | 566 MB |
Clash Royale | 59 | 2% | 61% | 465 MB |
Subway Surfers | 60 | 10% | 59% | 416 MB |
Os demais jogos entregam 60 fps no geral, com excelente fluidez no smartphone da Razer. Assim como visto em outros aparelhos com Snapdragon 835, a Adreno 540 tem fôlego de sobra para encarar qualquer jogo.
No entanto, mesmo configurando no Game Booster para que os jogos rodem a 120 fps, eles continuam presos à limitação imposta por cada desenvolvedor. Para tirar proveito da tela de 120 Hz do Razer Phone, é necessário buscar jogos otimizados para o aparelho ou que não tenham nenhuma limitação de taxa de quadros por segundo.
Seguindo a tendência do mercado, o Razer Phone traz câmera dupla na traseira. Os dois sensores contam com 12 megapixels de resolução máxima, mudando apenas a abertura focal: a câmera principal tem f/1.8 e a secundária f/2.6.
O aparelho é capaz de gravar em 4K a 30 quadros por segundo, mas peca por não vir com nenhum sistema avançado de estabilização de imagem. Na frontal temos uma câmera de 8 megapixels com abertura f/2.0 que fica limitada à resolução Full HD.
A câmera do Razer Phone não é das melhores. Em ambientes com boa luz ainda é possível registrar boas fotos, mas ela deixa muito a desejar em cenários noturnos, registrando um nível muito alto de ruídos.
O Razer Phone também demora para processar imagens em HDR, chegando a mais de 5 segundos em alguns casos. O resultado final pelo menos agrada, mostrando um bom equilíbrio de luz e contraste.
A filmadora também apresenta resultados apenas satisfatórios, tanto em qualidade de imagem quanto em som capturado. A falta de um sistema óptico de estabilização de imagem, ou até mesmo eletrônico, faz com que vídeos saíam bastante tremidos.
O aparelho de câmera também é simples e não oferece ajustes precisos para capturar fotos melhores. Para quem se importa com câmera, o Razer Phone não seria um smartphone indicado.
A Razer incluiu no seu primeiro smartphone uma generosa bateria de 4.000 mAh, que deve lidar bem com o hardware poderoso e sua tela de 120 Hz. No entanto, em nossos primeiros testes vimos que a autonomia fica abaixo a de outros aparelhos com Snapdragon 835.
O aparelho vem com carregador potente que oferece 3A em 5V, além de fornecer tecnologia de carregamento acelerado, levando 2h13 para fazer a bateria ir de 0 a 100%. Com 30 minutos carregando, a bateria recupera 39%; com 60 minutos na tomada temos 64% de carga.
Em nossos testes iniciais foi possível assistir vídeos por 6h44 ou gravar vídeos por 4h com uma carga de bateria. Telas do tipo LCD geralmente apresentam um consumo maior ao executar vídeos comparadas às telas OLED. No caso do Razer este consumo foi muito além do esperado.
Em chamadas tivemos um total de 22h28, sendo um valor mais aceitável para um aparelho com 4.000 mAh. No teste com Skype tivemos um rendimento de apenas 3h26. Em jogos o Razer Phone rendeu 6h10 de jogatina (média calculada com seis jogos). Esta é basicamente a média que vimos em outros flagships com Snapdragon 835, mas com baterias menores.
Em uso mais real conseguimos usar o aparelho por 15 horas e 30 minutos. Durante o teste registramos os seguintes resultados:
O Razer Phone vem com Android 7.1.1 Nougat e até agora ainda segue sem atualização para o Oreo. A fabricante não se comprometeu em trazer atualizações rápidas para o seu dispositivo. Para quem se importa em ter sempre a versão mais recente do Android, pode acabar se irritando com a política da Razer.
O software não traz muitas mudanças, além do que vemos por padrão no sistema móvel da Google. É possível customizar a aparência através de temas disponíveis na lojinha da Razer. Os temas contam com temáticas inspiradas em franquias famosas de jogos para agradar os gamers interessados no Razer Phone.
O diferencial fica para o gestor de jogos, que permite ao usuário extrair o melhor desempenho ou limitar para a bateria render mais. Nele é possível escolher a velocidade máxima do processador, resolução da tela e a taxa de quadros por segundos. É possível escolher um perfil para cada jogo de forma individual.
No geral, a experiência entregue pelo Razer Phone é boa, ainda mais pelas animações do Android a 120 fps, o que passa uma fluidez que não vemos em outros aparelhos. No entanto, a interface apresenta pequenos engasgos, além de não ser tão ágil quanto o Android puro ou mesmo algumas interfaces modificadas.
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