S a m s u n g G a l a x y S 1 0 P l u s

A linha Galaxy S10 celebra dez anos da mais importante linha da Samsung com mais novidades em relação ao antecessor do que nos acostumamos a ver nos últimos anos, o que nos leva a questão: são boas inovações, ou são apenas perfumaria para nos levar a crer que temos mudanças?

O número de câmeras aumentou, mas isso traz mais qualidade para as fotos? O novo display dinâmico é mesmo superior ao Super AMOLED? O leitor de impressão digital na tela funciona mesmo? Essas perguntas serão respondidas abaixo.

O acabamento do S10 Plus é o mesmo do seu antecessor, mas o novo top de linha da Samsung tem algumas novidades em design. A traseira em vidro não traz mais o leitor de impressão digital, e abriga três sensores de câmera na horizontal. As laterais em metal ainda têm os mesmos botões quase na mesma posição, exceto pelo liga/desliga, que está bem mais para cima agora.

Na parte inferior, os conectores são os mesmos: um USB-C, mais ou menos centralizado, para dados e energia, e um P2 para o fone de ouvido. Isso mesmo, a Samsung ainda não matou esse conector.

Mas é na tela que encontramos o maior diferencial. Além da nova tecnologia, sobre a qual falaremos mais para a frente, o display agora ocupa quase toda a área frontal do aparelho. Com bordas pequenas, a tela representa 88,9%, com uma solução para o notch que, na verdade, é apenas outro tipo de entalhe: o furo na tela.

Assim, mesmo mantendo quase as mesmas dimensões do S9 Plus, que já não eram muito diferentes do S8 Plus, o S10 Plus tem tela ainda maior que os antecessores, com 6,4 polegadas, e agora na proporção 19:9. Para quem quer bastante conteúdo ao navegar na internet e redes sociais, um prato cheio.

Apesar de ter tela mais ou menos no mesmo tamanho do Note 9 (a área total é um pouco maior), o S10 Plus é mais compacto, mais fino e mais leve que o phablet da Samsung. E a pegada também é bem melhor. Aliás, o formato do aparelho mudou de leve, com os cantos menos arredondados agora.

E falando em tela, o Super AMOLED evoluiu para o Dynamic AMOLED, que promete cores mais reais e brilho mais intenso. Porém, de acordo com nossos testes, ele entrega branco mais amarelado e brilho igual ao Note 9, a menos que você troque o modo de tela do padrão natural para o vívido. Aí o brilho é um pouco mais intenso, e o branco fica bem menos amarelado - além de abrir para seus ajustes próprios.

O hardware não é o que a maioria dos brasileiros preferia, mas entrega boa experiência. A plataforma Snapdragon volta a dar lugar à solução própria da Samsung, com o Exynos 9820 dentro da família S10 em toda Europa, América Latina e vários países da Ásia, entre outros mercados.

Mas vamos deixar de lado as comparações da versão Exynos com a Snapdragon, já que a maior parte do mundo vai acabar com a solução própria da Samsung nas mãos. O chipset embarca um processador de oito núcleos e GPU Mali-G76 MP12. Nada de suporte à tecnologia 5G, que ficou restrita a um modelo específico e ainda maior que o S10 Plus.

A boa notícia é que o hardware, aliado à nova interface OneUI oferece ótima fluidez nas tarefas do dia a dia. O nosso teste de velocidade foi ótimo. Mas ainda assim o flagship da sul-coreana não conseguiu superar rivais do ano passado, ficando com um total de 53s na abertura de aplicativos do TudoCelular.

Claro que isso não é suficiente para superar modelos que já estão no mercado há mais tempo, como os iPhone XS e XR, os OnePlus 5T e 6T, e o Mate 20 Pro, até recentemente o Android mais rápido que testamos. Também ficou bem atrás do Mi 9. Mas, ao menos, melhorou em 3s o tempo do Note 9 e 5s quando comparado a seu antecessor real, o S9 Plus.

Em jogos, o comportamento foi dentro do esperado para um flagship. PUBG Mobile não liberou os gráficos Ultra HD ainda, mas jogamos com a taxa de quadros no Ultra e o S10 Plus cravou 40 fps. Dos outros jogos que testamos, Asphalt 8,e Injustice 2, Clash Royale, Subway Surfers e Vainglory chegaram ao máximo suportado por cada título. Apenas Modern Combat 5 não passou de 45 fps, mesmo configurado para chegar a até 60 fps.

A Samsung finalmente aumentou a capacidade da bateria, para 4.100 mAh, e o resultado é ótimo. Foram cerca de 19h30min em teste no TudoCelular, tempo que rivaliza com o Huawei Mate 20 Pro e fica próximo do OnePlus 6T, também. Os três melhores flagships em autonomia que testamos até hoje.

Apesar de entregar ótimo tempo de uso, o Galaxy S10 Plus demorou bastante para recarregar de 0% até 100% em nosso teste, usando o carregador padrão que vem na caixa. Foram 2h20min na tomada. Tempo longo, mesmo considerando a generosa carga.

No geral, é um aparelho para usar o dia inteiro sem medo, chegando em casa de um dia de trabalho com um pouco de carga para curtir antes do merecido descanso.

Já falamos da bateria, então vamos nos aprofundar um pouco na câmera. Na traseira, você encontra um conjunto triplo agora, com uma lente tradicional e uma teleobjetiva, como tem nos Note 8 e 9 e no S9 Plus. A novidade é uma ultra wide, que captura uma área bem maior do quadro sem você precisar se afastar para isso.

Como você pode ver abaixo, a ultra wide já é como se fosse uma panorâmica. Com um ângulo de 123 graus, um único clique já captura uma área bem maior do que a câmera tradicional. A troca de uma câmera para a outra é bem simples, bastando ao usuário tocar no ícone com mais árvores no modo foto para capturar esse quadro mais amplo.

Mas existem algumas desvantagens dessa lente. A Samsung optou por um sensor com foco fixo, que, apesar de ser bastante amplo, reduz as possibilidades de captura até mesmo em vídeo. Também não dá para usar essa câmera em 4K a 60 fps.

Outra questão é a distorção em algumas áreas da imagem. Apesar de haver uma promessa de correção por software, dá para notar nos cantos um efeito parecido com o que vemos em lentes chamadas olho de peixe. Preste bem atenção nas laterais para ver as distorções.

Curiosamente, essa distorção não é vista nas fotos da ultrawide do Mi 9. No entanto, o modelo da Xiaomi tem um ângulo menor que o so S10 Plus, ou seja, captura uma área menor. Além disso, esse sensor tem abertura menor, ou seja, capta menos luz. Em ambientes com boa iluminação está ótimo, mas em cenários com pouca luz já fica mais difícil conseguir uma boa fotografia. Aliás, fica quase impossível.

Já a câmera tradicional tem poucas mudanças em relação à geração passada. A abertura variável foi mantida, bem como as outras especificações. É apenas uma atualização no sensor, mesmo. Como você pode ver acima, não há diferenças visuais com as fotos capturadas com o Note 9, mesmo fazendo um crop em 100%.

Com pouca luz, já dá para notar alguma diferença. A Samsung reduziu o pós-processamento, passando a entregar imagens com um pouco mais de ruído, mas com maior quantidade de detalhes. Curiosamente, a Xiaomi caminha na direção que a Samsung estava indo até agora nas fotos com pouca luz: menos detalhes, mas maior nitidez, por assim dizer.

É um começo para tentar competir com o iPhone nesse quesito. A gente se habituou a ver imagens mais limpas e mais claras com os Galaxy à noite, mas muita gente prefere as mais escuras e mais detalhadas do iPhone. Mas o melhor caminho parece ser o do Pixel, que combina os detalhes com maior nitidez no Modo Escuro, não presente aqui no S10 Plus.

Já as selfies, além de ganharem um sensor extra no S10 Plus, melhoraram de fato. Aquele embelezamento forçado da Samsung está bem mais suave agora, e você não fica mais parecendo tanto um boneco de cera. A segunda lente também tem uma abertura um pouco maior para selfies em grupo, mas a área de enquadramento não aumenta tanto quanto na ultrawide traseira.

A gravação de vídeo em 4K agora não tem mais limite, aparentemente, mesmo em 4K a 60 quadros por segundo. A estabilização, aliás, é ótima, competindo de igual para igual com o que vemos nos dispositivos Pixel.

Ainda na câmera, temos mais opções de Modo Retrato, sempre imitando recursos que alguns fotógrafos mais experientes conseguem entregar com câmeras profissionais. O de remover a cor do fundo foi um dos que mais nos agradou, mas todos ainda precisam de ajustes.

E para quem está iniciando na arte da fotografia, o S10 Plus tem um recurso que analisa o cenário para sugerir a “melhor foto”, mudando levemente o enquadramento. Mas é um recurso para usar só às vezes, porque demora um pouco para aparecer a sugestão.

Outra coisa legal em câmera é a integração com o Instagram. Com o aplicativo instalado, você ganha um modo de câmera que leva a foto direto para o story da rede social. Ainda tem uma compressão na imagem, mas já melhora bastante a qualidade final dos seus stories.

O Galaxy S10 Plus tem o Android 9 Pie embarcado, rodando por baixo da interface OneUI 1.1, da própria Samsung. O visual mudou bastante, a fluidez melhorou, e alguns atalhos foram realocados dentro do menu de configurações rápidas e também das configurações, mas nada que alguns dias de uso não ajude a compreender a nova lógica.

A mais recente versão do sistema operacional do Google oferece um Modo Noturno nativo, que no caso do S10 Plus pode ajudar a economizar um pouco da sua bateria caso você use bastante essas telas do sistema, já que troca o branco por um fundo mais escuro - não chega a ser preto, mas numa tela AMOLED, já gasta menos energia.

Infelizmente, a Samsung removeu o desbloqueio pela íris e também a notificação por LED. Um preço a se pagar para ter ocupação frontal maior para a tela. O leitor de impressão digital na tela ultrassônico é bem interessante, mas tem uma curva de aprendizado um pouco chata.

Ele demora mais do que os sensores que vinham sendo utilizados nos top de linha dos últimos anos, então no começo é comum você tirar o seu dedo antes de o desbloqueio ser realizado. Além disso, acertar o local não é tão fácil, mas há truques para contornar esse problema.

Um deles é acessar a tela de bloqueio. Nela, há um ícone de impressão digital que vai te ajudar a entender onde será feita a leitura. Outro truque é no Always on Display: tocando na tela uma vez, o local da leitura aparece. Aí não tem erro.

O Galaxy S10 Plus é um salto maior em relação ao antecessor do que foi o S9 em comparação com o S8. Mas, daí a valer a pena trocar o seu flagship do ano passado por um novíssimo, é exagero. Quem tem um modelo mais antigo, com dois anos ou mais de uso, já pode pensar melhor.

O problema é o preço, sendo que a versão mais barata do S10 Plus no Brasil custa R$ 5.500 pelo preço sugerido da fabricante. Uma pequena fortuna para os padrões salariais do brasileiro.

Então, recomendamos que você espere um pouco. Até o meio do ano já deve ser possível encontrar esse modelo por preços um pouco menos pornográficos. E as novidades são interessantes, então é uma geração que vale a pena pensar com carinho se você vai investir ou não.

Pontos positivos

Pontos negativos

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