Se você é gamer e busca o melhor celular para jogar, provavelmente deve estar cogitando comprar o Black Shark 2, a aposta da Xiaomi que vem para brigar com o ROG Phone 2 da Asus e vários outros com design chamativo e hardware potente. Será que vale investir mais nele pela experiência gamer ou há opções mais interessantes? É isso que você confere em nossa análise completa.
Tudo no Black Shark 2 é uma combinação de preto com verde e isso já começa na caixa do aparelho. Todos os componentes vêm bem separados e há um maior cuidado aqui do que normalmente vemos em outros smartphones da Xiaomi. Além do celular, você recebe:
Também há kits que você pode adquirir por fora, sendo o mais simples com apenas o joystick da direita ou um kit que venha os dois.
Como estamos falando de um produto gamer é obrigatório ter algum LED RGB, certo? E o Black Shark não traz LED apenas no seu logo na traseira, mas até as laterais são iluminadas. A cor pode ser customizada e até mesmo o padrão de iluminação. Esses LEDs nas laterais podem ser usados para alertar sobre notificações ou quando a bateria está fraca.
Seu corpo é feito em metal com acabamento fosco na traseira, enquanto há uma pequena faixa de vidro que passa pelas câmeras e dá a volta. Essa faixa não serve apenas para estética, mas também ajuda a reduzir a interferência do metal no sinal do celular.
As bordas laterais são mínimas, enquanto no topo e abaixo da tela temos bordas maiores. Em um celular focado em jogos ter um pouco de borda é importante para aprimorar a pegada e evitar toques acidentais enquanto joga.
E o Shark 2 realmente é um aparelho confortável de usar, talvez não com uma mão, mas para jogar ele não causa fadiga após algumas horas de jogatina.
Há leitor de digitais na tela, sendo o mesmo usado no Mi 9T . Ele é rápido e preciso ao reconhecer sua identidade. Outro ponto positivo é seu o motor háptico que faz vibrar no ponto exato que você tocou na tela.
Celulares gamer trazem tela com maior taxa de atualização para entregar jogos mais fluidos rodando acima de 60 fps. Infelizmente, este não é o caso do Black Shark. Sua tela tem apenas 60 Hz, enquanto outros modelos chineses que nem são vendidos como produto gamer, como o OnePlus 7 Pro , há tela de 90 Hz.
A tela AMOLED tem resolução apenas Full HD+, o que é bom para reduzir o peso na GPU e ajudar a garantir o melhor desempenho em jogos. O sensor de toque trabalha a 240 Hz e reduz drasticamente o tempo de resposta. Você sente que o celular responde o mais rápido possível quando você toca na tela, e isso ajuda muito em jogos mais competitivos.
O brilho do painel está no nível de intermediários premium e modelos top de linha da Xiaomi. Sua tela também permite reduzir bastante o brilho, sendo ótimo para ser usado no escuro. Por padrão as cores exibidas são bem balanceadas. Há um modo chamado True View que imita o True Tone dos iPhones e regula as cores e contraste dependendo da iluminação do ambiente.
Há dois alto-falantes na parte frontal que reproduzem som estéreo. O superior foca mais nos agudos, enquanto o inferior tem maior presença de graves. Isso gera um som meio desbalanceado que pode incomodar alguns. A potência sonora é muito boa, mas já vimos celulares da Xiaomi com som mais alto.
Equipando o Black Shark 2 temos a plataforma Snapdragon 855, que não é a mais atual da Qualcomm, mas ainda assim é uma solução bastante potente e capaz de rodar qualquer aplicativo para Android.
Em nosso teste padrão de velocidade, o Shark 2 não chegou a empolgar a apresentou resultados similares a recentes intermediários da marca. Há muito celular não dito gamer por aí que é mais rápido que este. Será falta de otimização da Joy UI?
Em benchmarks ele apresenta resultados similares a de outros celulares com Snapdragon 855. Isso já era esperado, já que Xiaomi não realizou nenhum tipo de overclock para explorar mais do processador como alguns outros celulares gamer fazem.
Mas faz diferença em jogos? Sim. Além de mantém todos os jogos rodando suave na taxa de quadros máxima possível, ele consegue manter este desempenho por mais tempo que outros com mesmo hardware.
JOGO | FPS |
PUBG Mobile | 60 |
Asphalt 9 | 30 |
Call of Duty Mobile | 60 |
Vainglory | 60 |
Modern Combat 5 | 60 |
Free Fire | 30 |
Subway Surfers | 60 |
Mario Kart | 60 |
Injustice 2 | 60 |
Mortal Kombat | 60 |
Asphalt 8 | 30 |
Ele possui um sistema avançado de refrigeração com câmera de vapor e até nanocomponente de grafeno para distribuir rapidamente o calor por todas as peças de metal em seu interior, e isso realmente faz diferença ao jogar por muito tempo.
Na lateral do aparelho você tem uma pequena chave que ativa o Shark Space, que é a suíte gamer da Xiaomi. Ela funciona como uma biblioteca de jogos, organizando seus títulos em uma tela só. É possível realizar alguns ajustes, como bloquear chamadas ou ligações enquanto joga. Além de configurar o gamepad que vem com o celular.
Este controle funciona via Bluetooth e sua bateria dura bem. Há um suporte para encaixá-lo no celular. Se quiser uma experiência mais completa, é possível comprar um segundo gamepad para o lado direito que vem com capinha para prender melhor no aparelho. Há também um kit que vem com os dois lados e um suporte que prende os joysticks, o que é uma boa para jogar sentado no sofá com a imagem espalhada na sua TV.
Os botões são firmes e precisos e respondem muito bem em todos os jogos. Na suíte Shark Space você pode adicionar os títulos que ele não reconhecer automaticamente e fazer o mapeamento dos botões.
A pegada é confortável e mesmo com apenas o joystick do lado esquerdo dá para jogar tranquilamente. Com os dois fica ainda melhor, especialmente na hora de mirar e atirar em jogos como Call of Duty Mobile.
E você ainda pode usar o controle desencaixado do celular para jogos de luta, como Street Fighter ou outros desse estilo.
Normalmente câmera não é um ponto importante em celulares gamer. E aqui no Black Shark 2 temos um conjunto mais básico que traz um sensor de 48 MP e uma secundária de 12 MP com lente teleobjetiva para zoom ótico de 2x.
O aplicativo de câmera é muito parecido com o que vem nos modelos com MIUI. Porém, faltam alguns recursos como o modo noturno e a opção de tirar fotos na resolução máxima da câmera, que estão presentes em outros da marca.
E como esperado de um celular que não tem a câmera como seu ponto principal, o Black Shark 2 tem desempenho razoável. Algumas fotos saem boas, quando a luz está a seu favor. Em alguns momentos ele tende a exagerar na exposição e temos fotos muito claras e com baixo contraste, enquanto em outras os detalhes das sombras são completamente perdidos. Fica claro que o HDR não funciona tão bem quando no automático.
A câmera zoom registra fotos mais suaves e com ruídos, mas mantém um bom balanço de cores. Dá para usar bem a câmera secundária sem medo de estragar as fotos. E como em outros da Xiaomi, também há inteligência artificial para reconhecer variados tipos de cenários, que na prática não faz diferença.
À noite temos fotos escuras e não ter modo noturno realmente faz falta aqui. Outro ponto que decepciona no Black Shark 2 é a ausência de estabilização ótica. É preciso ter paciência ao tirar fotos em locais mais escuros para evitar fotos borradas.
Usar a segunda câmera à noite não é recomendável. O celular impede o uso do zoom ótico quando há pouca luz. O que ele faz é usar zoom digital com a câmera principal. Você terá uma grande perda de qualidade e com muito mais falhas.
A frontal, apesar de ter 20 MP, tem qualidade básica. Não registra bem os detalhes da pele e às vezes as selfies saem borradas.
O modo retrato tem qualidade decente. Às vezes há um mal recorte, até mesmo pior que de muito celular básico. Com algumas tentativas é possível obter um bom resultado.
Apesar de vir com Snapdragon 855, ele não grava vídeos a 60 fps, nem em 4K e nem mesmo em Full HD. A teleobjetiva também não permite filmar usando o zoom e a falta de estabilização resulta em vídeos com bastante tremidos. O foco pelo menos funciona bem. Já a captura de áudio realmente decepciona.
Um ponto que o Black Shark 2 poderia ser melhor é na duração de bateria. É possível usá-lo o dia inteiro sem se preocupar, mas rende menos que modelos da Xiaomi com mesmo tamanho de bateria e tela.
E isso porque nem possui tela de 90 ou 120 Hz, que tornaria a duração de bateria ainda menor. Pelo menos seu tempo de recarga é baixo. Com o carregador de 27W que vem na caixa, você terá que esperar 1 hora e 15 minutos. Em apenas 30 minutos é possível recuperar mais de 60% da bateria, o que é muito bom.
Diferente de outros da Xiaomi que vem com MIUI, este aqui traz a Joy UI, que é uma interface bem mais limpa e próxima do visual padrão do Android.
Por ser um sistema menos customizado, todos os apps nativos são os do Google e não os da Xiaomi como temos na MIUI. Vemos modificações apenas no menu de configuração do sistema, nas abas para customização dos LEDs e no Game Dock.
É possível desativar totalmente os LEDs para economizar bateria, deixá-los ativados para funções básicas (como pulsar ao receber uma notificação) ou reagirem ao ouvir uma música, entre outros. São 10 opções de efeitos com regulagem da velocidade.
Já no Game Dock, você pode otimizar o desempenho dos jogos, ter controles por voz ou até mesmo travar a intensidade do brilho da tela enquanto joga.
Fica claro que o único foco do Black Shark 2 são os jogos e nisso ele manda muito bem. O seu maior rival é o ROG Phone 2. Temos que admitir que o modelo da Asus é melhor em tudo e tem tela de 120 Hz, mas custa o dobro.
Esperávamos mais do desempenho geral do aparelho. Ele é mais lento que o Mi 9 e fica muito atrás do OnePlus 7 Pro que tem como diferencial tela de 90 Hz, que faz falta neste aqui. Sua bateria dura mais que o top de linha da Xiaomi e passa o mesmo tempo na tomada, mas a câmera é muito pior.
A sua grande vantagem mesmo está no gamepad que vem junto. Ele realmente faz diferença na hora de jogar, especialmente em games mais competitivos.
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